O protagonismo de Pedro entre a comunidade dos apóstolos é evidente. E junto com isso transparece a sua fraqueza. Isso provoca quase um escândalo. De fato, esperamos que alguém que está com Deus seja perfeito, acima de qualquer defeito, irrepreensível. Se Pedro tem toda essa estima da parte de Jesus, como aparece nos evangelhos, como ele pode negar, por três vezes, a Cristo? Como Cristo pode dizer pra ele: “Fique longe de mim, Satanás!’ (Mateus 16,23)?
Todos nós fazemos uma caminhada. Não é mal desconfiar das conversões radicais. Pedro, e os apóstolos em geral, fizeram um processo de aprendizagem. Se tomamos, por exemplo, o Evangelho de Mateus, vemos como o evangelista tenta mostrar a dinâmica de Jesus que procura ensinar os apóstolos quem ele é, como é o Reino de Deus. Ninguém nasce pronto e um encontro com Jesus é o início de um processo, onde pode haver caídas.
Nestes dias estou lendo um livrinho de Tostoy, “Padre Sérgio”, que, como como todas as suas obras, é uma pérola. O protagonista buscava a perfeição no seguimento de Cristo. Depois de 14 anos de solidão, de eremitério, de encontro pessoal com Deus, de conversão e meditação percebe que facilmente pode perder tudo o que obteve, pode voltar ao início de sua caminhada.
Não devemos nos escandalizar com as pessoas que não são perfeitas, mesmo se tidas como próximas de Deus. O escândalo estaria no fato de elas não reconhecerem a própria fraqueza e não desejarem uma mudança de vida, retornando ao caminho proposto pelo Senhor.