Não sabemos nem a data do nascimento de Cristo e também não conhecemos quando ele morreu. Não há um registro histórico fora dos evangelhos desses dois eventos. Por isso, podemos somente nos apoiar naquilo que ali é contado e nada se diz sobre a data como a entendemos hoje. Os evangelhos, invés, falam que nasceu em Belém (Mateus 2,1-6; João 7,42), que fica a cerca de 10 quilômetros de Jerusalém, cidade da família de Davi (1Samuel 16).
Nascimento de Jesus
Hoje é celebrado no dia 25 de dezembro, mas esse aniversário não corresponde ao dia exato do evento histórico. É uma data que foi estabelecida no século IV. Quando se determinou essa data a intenção era aquela de tornar cristã a festa popular da invencibilidade do sol, que era celebrada no solstício de inverno. Jesus nasceu provavelmente no ano 6 antes da nossa era. O natal foi fixado no dia do solstício de inverno (no hemisfério norte), 25 de dezembro. A anunciação de Maria, invés, se celebra no dia do solstício de primavera (no hemisfério norte), 25 de março.
A Bíblia faz coincidir o nascimento de Cristo com a aparição de uma estrela. Mas não sabemos se esse é um dato histórico ou simplesmente uma leitura de um oráculo messiânico do livro dos Números 24.
A visita dos reis magos pode ter como background os Salmos, que proclamam que os reis de Saba e Seba vão trazer ofertas, como um louvor ao novo rei (veja o salmo 72). Nada exclui que alguns nabateus vieram do Oriente até Jerusalém. Para o histórico José Flávio, de fato eles tinham contatos em Jerusalém. A tradição posterior dirá que os reis magos eram 3.
Paixão e morte de Cristo
Também não sabemos a data exata da morte de Cristo. É provável que tenha sido por volta do ano 30 da era cristã, mas é sempre só uma hipótese. Sabemos, invés, que o período era aquela da primavera do hemisfério norte, do outono no hemisfério sul.
Hoje a sua celebração se dá em uma data variável, dependendo da lua. Ela coincide sempre com o primeiro domingo depois da primeira lua cheia que segue o início do outono no Brasil (da primavera no hemisfério norte), dia 21 de março. Foi um sistema determinado há muito tempo, no concílio de Nicéia, no IV século depois de Cristo, na mesma época em que se determinou o 25 de dezembro como dia do natal de Jesus.
Traduzindo numa linguagem mais objetiva, a páscoa cristã pode cair entre os dias 22 de março e 25 de abril. Se no dia 21 de março for sábado e tiver lua cheia no dia seguinte, domingo, dia 22, será Páscoa. Invés se no dia 20 de março é lua cheia, precisa esperar a próxima, que será dia 18 de abril. Se esse dia 18 de abril é domingo, a páscoa se celebra no domingo seguinte, dia 25 de abril. Trata-se simplesmente de uma convenção.
A partir dos evangelhos sabemos apenas que a morte de Cristo teria acontecido durante a páscoa celebrada pelos judeus. Todavia não é tão simples assim determinar que dia foi aquele, pois também para os judeus a data da Páscoa muda a cada ano.
Outro problema objetivo deriva das informações contraditórias dos evangelhos. Os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) dizem que a última ceia aconteceu no dia 14 de Nisan e o dia da morte foi 15 de Nisan, enquanto que João diz que a quinta-feira santa se deu em um 13 de nisan e a sexta, dia da sua morte, foi dia 14 de nisan. De fato, para os sinóticos, a última ceia aconteceu quando se "imolava a Páscoa" (Lucas 22,17), isto é, quando se fazia o sacrifício do cordeiro pasqual, prevista para a tarde do dia 14 de Nisan e, na noite, se celebrava a ceia pasqual. No dia seguinte, 15 de Nisan, Jesus teria sido crocificado. Por outro lado, João diz que Jesus morreu na parasceve da páscoa (João 18,14), isto é, no dia anterior à páscoa (14 de Nisan), antes que os judeus celebrassem o sacrifício do cordeiro e a ceia pasqual. Nesse caso, a última ceia de Jesus teria sido celebrada em 13 de Nisan e não era a "ceia" pascual da festa hebraica.