Dois pedaços de um antigo manuscrito bíblico, divididos durante séculos e conservados em continentes diversos, foram unidos pela primeira vez numa exposição em fevereiro no Museu Nacional de Israel. Os fragmentos têm 1300 anos e fazem parte de um desaparecido grupo de manuscritos bíblicos hebraicos. Não se sabia que faziam parte do mesmo manuscrito até que uma fotografia de um desses fragmentos foi esibida em 2007, chamando a atenção dos estudiosos. Os fragmentos contêm o Canto do Mar, entoado pelos povo de Israel depois de terem fugido da escravidão no Egito, assistindo a destruição do exército do Faraó, no Mar Vermelho, presente em Êxodo 15.

A descoberta da unidade dos dois fragmentos aconteceu quando uma página do Canto, conhecida como o Manuscrito de Ashkar, conservada na Carolina do Norte (USA), foi exposta no Museum de Jerusalém, em 2007. Mordechay Mishor e Edna Engel, dois fotógrafos israelianos, vendo a fotografia do manuscrito num jornal, perceberam a semelhança com outro manuscrito, conhecido como Manuscrito de Londres, pertencente à coleção privada de Stephan Loewentheil de Nova Iorque.

Foi possível reconhecer a unidade graças à uniformidade das letras, à estrutura do texto e às técnicas usadas pelo escriba. De fato a relação entre os dois manuscritos não é evidente para alguém que não é esperto. O fragmento de Ashkar está totalmente escurecido, por causa da exposição. Tanto que o texto, embora presente, não é legível. O manuscrito de Londres, invés está muito melhor conservado. Os cientistas confirmaram, depois de alguns exames, que os textos pertenciam ao mesmo rótulo.

A hipótese é que o rótulo foi escrito no sétimo século, no Oriente Médio, provavelmente no Egito. A importância do texto reside no fato que a sua origem data de um período chamado "silencioso"em relação aos textos da Bíblia Hebraica, entre o terceiro e décimo século depois de Cristo, um intervalo de 7 séculos do qual quase nenhum texto bíblico chegou até nós. Uma curiosidade desses manuscritos, se comparados com os textos encontrados em Qumran, é que o Canto do Mar se encontra em versos, como numa poesia, enquanto que em Qumran eles eram escritos em prosa. Nas nossas bíblias aparecem em versos.