Oi, Roni. A sua pergunta sobre os dinossauros é, de verdade, interessante. Em si ela é um pouco ingênua, mas suscita uma reflexão muito importante, uma reflexão sobre a historicidade dos textos bíblicos e o seu conteúdo ideológico.
Faço, primeiro de tudo, uma observação. Há tempo, século XVIII, alguns exêgetas, pessoas que estudam a Bíblia, tentaram dizer que o texto bíblico é verdadeiro apenas se é também um dado histórico. Para eles, portanto, a Bíblia pode ser apenas uma ilustração da verdade e não, como defendemos, a sua mediação, a estrada que conduz à verdade. Aplicando esse caso a sua pergunta, podemos usar esse exemplo: se a teoria de Darwin, segundo a qual o homem é fruto de um processo de evolução a partir do macaco, for verdadeira a história da criação, como contatada pelo livro do Gênesis, deve ser considerada algo obsoleto e descartado e tido apenas como uma literatura primordial, que expressa a ignorância científica de um tempo muito remoto. Porém essa posição não faz parte da interpretação da Bíblia. Ela foi interpretada sempre a partir dela mesma e não depende de fatores esternos. É óbvio que não é irrelevante que a revelação bíblica tenha ou não bases históricas, mas é igualmente importante tirar do texto uma mensagem teológica.
Em linhas gerais e sem aprofundir o argumento poderíamos dizer que, na Bíblia, o ensinamento teológico faz parte da revelação divina, mas os dados ligados aos conhecimentos da época não fazem parte dessa revelação. Portanto, falando de criação do mundo, a revelação divina mostra que Deus criou tudo e que o homem e a mulher estão no centro dessa criação. O modo como Deus criou é relativo e traduz o conhecimento que o autor do Gênesis tinha. Portanto a teoria de Darwin ou outra sobre o desenvolvimento da vida na terra não contradizem a Bíblia e quem crê que o homem veio do macaco não é contrário à Bíblia.
Falando concretamente da criação, temos duas histórias diferentes. A primeira é contada em Gn 1 e a segunda em Gn 2,4-25. O primeiro relato fala um pouco da criação de tudo, em seis dias (no sétimo Deus repousa): luz, firmamento, mar, terra, plantas, estrelas, animais e ser humano. O segundo relado conta apenas sobre a criação do homem do barro, da mulher de sua costela e do jardim do édem. Nesse segundo relato tem também a criação dos animais, mas eles são criados para ver se serviam como companheiros para o homem, que se sentia só.
Esses dois relatos já são suficientes para nos deixar perplexos, sobretudo se somos fundamentalistas e pensamos que aquilo que a Bíblia diz é coisa histórica: se asssim fosse Deus teria criado o homem duas vezes, em Gn 1,26 e em Gn 2,7ss? Claro que não. São apenas dois modos de ver a criação, ambos revelando que Deus é o autor e o homem a obra prima da criação.
Os dinossauros, seguindo o livro do Gênesis, teriam sido criados juntamente com todos os animais, embora não sejam mencionados – nenhum animal é nominado com seu nome. No primeiro relato (Gn 1,20-23) eles teriam sido criados no quinto dia, enquanto que no segundo relato (Gn 2,19) foram criados junto com todos os animais para ver se servia como auxiliar ao homem.
Até agora não respondi, a nível científico, a sua perguntta. Sinceramente não tenho capacidades para tanto, mas você vai encontrar em qualquer livro de história da humanidade uma resposta cronológica. Dizem que os dinossauros começaram a aparecer na terra há 230 milhões de anos e viveram até 65 milhões de anos atrás. O homem, porém, segundo estudos de fósseis, é muito mais recente. Ele teria nascido, o assim chamado ‘homo sapiens’, há 150 mil anos atrás.