A fé em Cristo, no mistério da sua morte e ressurreição, é o que nos dá a certeza da salvação.
A fé em Jesus tem o poder de transformar uma situação que Paulo, por exemplo, define de maneira bastante negativa:
Por isso, como por causa de um só homem o pecado entrou no mundo e através do pecado a morte, assim a morte se propagou entre todos os homens pelo fato que todos pecaram (Romanos 5,12).
Essa tendência que está dentro de nós pode ser definida, seguindo Santo Agostinho, de Pecado Original. Trata-se de uma situação ontológica, que faz parte do ser humano; não é um aspecto moral.
A fé em Jesus tem o poder de transformar essa situação, porque incendia o processo da ação “justificante” do Espírito.
É Paulo novamente que descreve de maneira soberba esse drama e a esperança em Cristo:
Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte? Que Deus seja louvado, pois ele fará isso por meio do nosso Senhor Jesus Cristo! Portanto, esta é a minha situação: no meu pensamento eu sirvo à lei de Deus, mas na prática sirvo à lei do pecado (Romanos 7, 23-25).
A adesão a Cristo é exprimida através do Batismo. Através desse gesto (sacramento para os católicos), o batizado morre para o pecado e vive em Cristo. Todavia, mesmo o batismo não é garantia de salvação, pois apesar dele podemos ainda pecar.
Paulo, que tem muita consciência desse problema, diz claramente que o fato de ter fé não significa automaticamente que tudo está alcançado, que o processo que nos faz livres seja automático ou mágico. Para ele a condição cristã é um caminho difícil e responsável, como aquele no deserto em direção da Terra Prometida (1Coríntios 10,1-13). Se feito com perseverança, esse caminho leva a uma realização perfeita e total da libertação operada por Cristo, que Paulo vê como verdadeiramente realizada: “Não existe mais condenação para aqueles que estão em Cristo Jesus. A Lei do Espírito da vida em Cristo Jesus te libertou da lei do pecado e da morte” (Romanos 8,1).
Esse tema, na teologia, é conhecido como "Justificação". Normalmente há duas correntes: os protestantes sublinham a graça divina como elemento essencial da salvação e os católicos a ação humana que conduz à salvação. Como sempre, virtus in medio: seja a graça divina que a ação humana conduz o ser humano à salvação. Aconselho vivamente que seja lida a Declaração Conjunta sobre a doutrina da justificação feita pela Comissão Mista católica romana/evangélica luterana internacional, em 31 de outubro de 1999.