Não está fazendo uma boa leitura da Bíblia quem tenta ler os primeiros capítulos da Bíblia com olhar histórico, no sentido comum de história. Gênesis 1 – 11 não nos dão informações sobre fatos acontecidos, mas contam a natureza do ser humano e do mundo, elementos intrínsecos que são essenciais para a compreensão da revelação divina.
Portanto, toda tentativa de conciliar, por exemplo, a narração da criação com as teorias da ciência – como a do Big Bang – cria somente confusão e não ajuda em nada o entendimento da Palavra de Deus. Essas leituras têm um único objetivo: confirmar séculos de confusão na explicação dessas passagens. De fato, crescemos aprendendo que um dia Deus decidiu criar do nada o ser humano, como um oleiro, modelando-o com a argila. Esse “dia” não foi um dia histórico, mas uma decisão divina, parte do seu projeto eterno. O ser humano também não nasceu do nada, da argila, mas nasceu do processo natural que a ciência deve explicar e, cuja resposta, não deve ser procurada nas páginas da Bíblia.
Mas atenção: não pensemos que é necessário descartar a Bíblia! Ela, ao invés, é verdadeira, pois ensina que viemos de Deus (Gênesis 1), que temos a missão de “cuidar” da criação (Gênesis 2), que devemos nos inclinar aos preceitos divinos (pecado e Éden, Gênesis 3), que devemos aceitar a presença do outro, escolhido por Deus (Caim e Abel).
Aqui no site temos insistido sobre essa linha de leitura, com várias respostas a questões inerentes às primeiras páginas da Bíblia (veja aqui). Escrevi também algumas pistas para a leitura dos primeiros capítulos da Bíblia, que aconselho ler.