Não é fácil defini-lo: é a terceira pessoa da Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo); é aquele que o Pai mandou, o Espírito do seu filho, que enche os corações dos cristãos e que é realmente Deus. Teologicamente, se diz que é consubstancial ao Pai e ao Filho, sendo inseparável, mas ao mesmo tempo, como uma das três pessoas, é distinto do Pai e do Filho. O filho aparece como imagem visível de Deus, que é invisível, e o Espírito o revela.

Essa é explicação clássica que escutamos nos bancos das faculdades teológicas. Eu mesmo encontro dificuldades com essa definição. Acho que nunca se soube explicar de maneira popular quem é o Espírito. O próprio símbolo da pomba é sintomático, pois não diz muito sobre a sua natureza, mas apenas recorda o evento descrito em Atos dos Apóstolos 2, onde na verdade se fala de “línguas de fogo” que “pousam” sobre os que lá estavam reunidos, embora coloca as bases na pomba do dilúvio e, principalmente, no episódio do batismo de Jesus, quando o Espírito Santo desce sobre Ele em forma de pomba (Mateus 3,12).

Do ponto de vista da experiência cristã, creio que essa dificuldade de explicar quem é o Espírito não deveria nos preocupar, mas do ponto de vista teológico (narração sobre Deus) sim. O Espírito é um mistério e, como tal, não precisa ser explicado nos detalhes, mas vivido. Trata-se de uma experiência feita na fé e como tal podemos dizer que efetivamente experimentamos a presença do Espírito em nossas vidas. O grande problema é que precisamos de explicação; faz parte da nossa natureza pedir isso.

Essa dificuldade no cristianismo criou a primeira grande divisão, entre Oriente e Ocidente, no cisma de 1054, quando se discutiu sobre a expressão “filioque” (o Espírito procede do Pai e do Filho). Esse grande problema teológico provavelmente é causado porque os teólogos têm sublinhando o caráter pessoal do Espírito, ao invés de sublinhar a origem, como procedente do Pai. É claro que quando se sublinha a sua “processão” do Pai, fica aberta a questão de como entender sua relação com o Filho.

 

Nome

O termo “Espírito” traduz o hebraico “Ruah”, que no sentido primário significa sopro, ar, vento. E Jesus usa a imagem do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente daquele que é o sopro divino (João 3,5-8). O mesmo “vento” é lembrado em Atos 2,2 (vendaval impetuoso).

Jesus mesmo anuncia a vinda do Espírito, chamando-o de “Paráclito”, às vezes traduzido como “advogado” ou “consolador” (João 14,16.26; 15,26; 16,7). Jesus também chama o Espírito Santo de “Espírito de verdade” (João 16,13).

Além do nome próprio, que é o mais usado nos Atos dos Apóstolos, nas cartas de Paulo encontramos “Espírito prometido” (Efésios 1,13; Gálatas 3,14), “Espírito de filhos adotivos” (Romanos 8,15; Gálatas 4,6), “Espírito de Cristo” (Romanos 8,9), “Espírito do Senhor” (2Coríntios 3,17), “Espírito de Deus” (Romanos 8,9.14; 15,19; 1Coríntios 6,11; 7,40). Em 1Pedro encontramos também “Espírito da Glória” (1Pedro 4,14).