São dois personagens angélicos ligados à tradição rabínica, que nunca são mencionados na Bíblia.

Samael, cujo nome significa "veneno de Deus" é identificado como um anjo mal, sinônimo do demônio. Textos rabínicos o identificam com o "anjo da morte". Outros vêem nele o anjo que tentou Eva ou aquele que lutou contra Jacó, em Gênesis 32. A Cabalah, que são textos ligados à mística judaica, descreve Samael como a "ira de Deus".

Uriel é um outro anjo. O significado do nome é "chama de Deus". Embora nunca mencionado na Bíblia, é bastante presente na tradição rabínica e nos apócrifos, especialmente no livro de Enoc, que elenca os assim chamados 7 arcanjos: Gabriel, Miguel e Rafael (que aparecem na Bíblia) e os outros 4: Uriel, Ithuriel, Amitiel e Baliel. São anjos que intercedem pela humanidade diante de Deus.

Por causa da etimologia do nome, Uriel é identificado, sempre na literatura rabíncia, com o anjo colocado "diante do jardim do Éden (...) a chama da espada fulgurante para guardar o caminho da árvore da vida" (Gênesis 3,24).

 

Entendendo os anjos na Bíblia

O anjo na Bíblia tem duas características essenciais: é transcendente, diverso do nosso mundo e ao mesmo tempo é como nós, se apresenta como ser humano. Na verdade são esses os atributos de Deus. Mas o autor bíblico, para impedir que essa proximidade ‘empobreça’ Deus, usa o anjo. Ele, mesmo vindo da esfera divina, entra no mundo das pessoas, fala e age como uma criatura. A sua mensagem, contudo, é sempre palavra divina. Em outras palavras, o anjo é uma personificação da eficácia da palavra de Deus que traz salvação e julgamento. Essa realidade é evidente se consideramos a visão de Jacó, em Betel (Gênesis 28,12), que vê anjos que subiam de desciam uma escala que da terra levava ao céu. O anjo liga o céu e a terra, o infinito e o finito, a eternidade e a história, Deus e o ser humano.

Em outros textos bíblicos os anjos aparecem, invés, com uma identidade própria, que é diversa da própria revelação de Deus. Emblemático é o livro de Tobias onde aparece Rafael (que significa “Deus cura”) e a partir da história que ali é contada nasce a fé no anjo da guarda, que cuida das pessoas. Diz Rafael em Tobias 12,18: “Quando estava com vocês, não estava com vocês por minha iniciativa, mas por causa da vontade de Deus”. A mesma idéia aparece nos Salmos: “O anjo do Senhor acompanha aqueles que o temem e os salva (...). O Senhor comandará aos seus anjos de cuidar de ti em todos os teus passos; conduzirão a ti com suas mãos para que teus pés não tropecem na pedra” (Salmos 91,11-12).