A pergunta continua:

Gostaria de saber detalhes sobre o Profeta Jonas, pois nos foi ensinado que essa profecia teria sido apenas uma parábola contada por Jesus para conversão dos Fariseus e Doutores da lei daquele tempo de Jesus.

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O livro de Jonas é um texto do Antigo Testamento e, na divisão tradicional da Bíblia, se encontra entre os livros proféticos, mais exatamente, pertence aos “profetas menores”. Na verdade, é bem diferente dos livros proféticos, pois se trata de uma narração: conta a história de um profeta desobediente que, no início, quer escapar da sua missão e, em seguida, protesta com Deus por causa do sucesso da sua pregação.

O profeta Jonas seria contemporâneo de Jeroboão II, mencionado em 2Reis 14,25. Porém, todos os críticos concordam que essa referência histórica não tem fundamento, pois quando o livro é escrito, com certeza depois do Exílio em Babilônia, a cidade de Nínive fora destruída há mais de um século (em 612).

Os pensamentos que encontramos no livro estão intimamente ligados às profecias de Jeremias e também de Ezequiel, que viveram no tempo do Exílio em Babilônia, depois da destruição de Nínive. Estudo literário da língua hebraica usada também confirma que a escritura é posterior ao exílio.

 

Interpretação histórica

Como você, muitos perguntam se o que lemos nesse maravilhoso livro é realmente história no sentido que a entendemos. Acredito que os elementos mencionados acima já podem dar pistas para nos colocar em alerta e duvidar de qualquer interpretação histórica.

Outro argumento, um pouco simples, mas muito eficaz, é o fato da conversão ao Deus de Israel de todos os habitantes de Nínive, inclusive do rei. Os documentos assírios são frequentes e em nenhum deles encontramos menções a tal prodígio.

E, não menos importante, todas as peripécias vividas pelo protagonista, especialmente os três dias na barriga do peixe, são elementos simbólicos, mais do que históricos.

 

Mensagem do livro de Jonas

O autor desse livro revoluciona a interpretação clássica da profecia e sublinha que as ameaças exprimem, no fundo, uma vontade misericordiosa de Deus, que espera somente a manifestação do arrependimento para dar o seu perdão. Deus quer a conversão e, dessa maneira, se realiza a missão do profeta. vOutra mensagem fundamental do livro é a abertura aos povos estrangeiros, que contrasta com o particularismo, a centralidade de Israel que caracterizou a volta do exílio. É por isso que o livro pinta com simpatia os personagens estrangeiros: os marinheiros pagãos, o rei, os habitantes e até mesmo os animais de Nínive. O único que combate a mensagem divina é o judeu: Jonas. Deus tem compaixão também dele, mas a sua misericórdia é destinada especialmente à grande inimiga de Israel, a cidade de Nínive.

Portanto, muito próximo da mensagem do Novo Testamento, ensina que Deus não é só dos judeus, mas é Deus também dos pagãos, por que existe um único Deus (Romanos 3,29). Jesus cita o exemplo de Jonas Em Mateus 12,40-41 e Lucas 11,29032, Jesus menciona o exemplo da conversão dos habitantes de Nínive e – especialmente Mateus 12,40 – vê em Jonas no ventre do monstro dos mares, a figura da permanência de Cristo na sepultura. A citação de Jonas na pregação de Jesus não deve ser um argumento para defender a historicidade desse livro, mas mostra simplesmente como era comum a sua preocupação por ensinar usando imagens familiares aos seus ouvintes, sem mostrar efetivamente um juízo sobre a realidade dos fatos.