Como já ficou claro em outra resposta, o historiador Flávio Josefo não fala do pai de Timeu (Bartimeu = filho de Timeu), o cego de Jericó curado por Jesus (Mateus 20,29-34; Lucas 18,35-43 e Marcos 10,46-52).

A hipótese da existência de uma menção do pai desse personagem bíblico nos escritos de Josefo não tem nenhum fundamento e é somente vontade de identificar historicamente os personagens que aparecem nas narrrações evangélicas, de quem sabemos muito pouco. É a mesma dinâmica que levou ao nascimento de diversos livros apócrifos, escritos alguns séculos depois dos livros bíblicos.

 

Timeu em Flávio Josefo

Esse historiador, que viveu imediatamente depois de Cristo (aproximadamente de 38 a 100 d.C.), menciona, na sua obra "Contra Apion", um personagem que tem o nome de Timeu (Timeus). Timeu é mencionado 4 vezes nesse livro (3 vezes na passagem 3 e 1 vez na passagem 24). Em todas essas passagens a questão que Josefo põe é como certos historiadores gregos, entre os quais Timeu, escrevem contando mentiras e si contradizendo: 

 "Muitas injúrias (...) contou Timeu em suas histórias" (Contra Apion, 24)

O historiador judeu, amigo dos romanos, conta como os historiadores inventam histórias e se contradizem entre eles:

Eu perderia tempo e seria importuno se insistisse em mostrar-lhes o que sabem melhor do que eu: as grandes divergências entre Helánico e Acusilao em relação às genealogias; os múltiplos aspectos em que Acusilao retifica Hesíodo; quantas vezes Eforo acusa Helánico de ser um mentiroso; Timeo acusa a Eforo, e os mais recentes acusam a Timeu, e todos juntos a Heródoto (Contra Apion, 3).

Além disso, Flávio Josefo não diz nada mais sobre Timeu.

Voce pode  ver aqui a obra Contra Apion, PDF em espanhol

 

Contra Apion

O nome inteiro da obra é "Antiguidades dos Judeus contra Apion". Nesta obra, o autor dedica-se a contestar as calúnias de Apion, escritor alexandrino egípcio, contemporâneo de Tibério. Primeiramente, ocupa-se em contestar as mentiras de Apion sobre as origens dos Judeus e a saída do Egito (Êxodo), tentando mostrar como os judeus eram apreciados sempre pelos Faraós do Egito, pelos imperadores romanos e como eram excelentes cidadãos alexandrinos, ainda que não adorassem os deuses egípcios. Em um segundo momento, Josefo expõe e defende os costumes e leis judaicas, finalizando com a afirmação de que o melhor elogio que se pode fazer à sua lei não é tanto pela fidelidade heróica com que esta é cumprida pelos judeus, mas pelo ardor com que foi adotada por numerosos povos estrangeiros.

 

Titus Flavius Josephus (37 – c. 100 d.C.) 

Flavius Josephus (em português: Flávio Josefo - em hebraico Lossef ben Matitahu ha-Cohen) nasceu em 37 d.C. e faleceu por volta do ano 100 d.C. Nascido em Jerusalém e de família sacerdotal, foi criado na melhor tradição judaica, recebendo boa educação, para os padrões da época. Segundo sua autobiografia, seu conhecimento era minucioso quanto aos ensinamentos nos textos tradicionais da Torá, sendo que mais tarde, Josefo procurou, por iniciativa própria, os ensinamentos dos saduceus, fariseus e essênios, optando por ter sua verdadeira iniciação vivendo, na qualidade de discípulo, durante três anos no deserto, alimentando-se de frutas e lavando-se com água fria várias vezes ao dia e à noite para purificar o espírito.

Ainda jovem, chegou a ser um dos líderes do reduzido exército que se rebelou contra os invasores romanos. Depois da derrota, entregou-se aos romanos, caindo nas graças de Vespasiano – comandante das legiões romanas – ao profetizar que este se tornaria imperador. Como sua profecia se confirmou, ele tornou-se protegido do imperador romano, recebeu o título de cidadão e foi nomeado Flávio, o nome da dinastia romana dominante na época. Flavius Lossef – Flávio Josefo, como é conhecido hoje – passou a residir em Roma e escreveu algumas obras históricas, entre elas “A Guerra dos Judeus”, “Antiguidades Judaicas” e “Antiguidades dos Judeus - Contra Apion”. Terminou seus dias em Roma, onde, como testemunha ocular, dedicou-se à história da catástrofe nacional, a destruição do Segundo Templo, despovoamento da Judeia e a saga monumental de uma nação vencida, mas altiva, que tem para si a Antiguidade, e, portanto, a nobreza.