A sua pergunta tem como contexto a experiência vivida pelos hebreus há 6 séculos antes da chegada de Cristo, por volta do ano 590 antes de Cristo. Exatamente no ano 587 Jerusalém e o seu templo são destruídos pela Babilônia e o povo levado em exílio, de onde voltará somente 40 anos mais tarde, em 538, quando Ciro decreta o fim do exílio. Nesse link você pode ler mais sobre o Exílio.
Para o povo eleito por Deus, esse momento histórico representou uma etapa fundamental da sua existência e a principal leitura desse evento foi feita pelos profetas, especialmente Jeremias, Habacuc, Sofonias, Ezequiel, Ageu, Zacarias e Malaquias.
Exílio oportunidade para mudar de vida
O profeta que você precisa ler é Jeremias. Ele foi aquele que denunciou a corrupção do modo de viver de Israel e a eminente destruição. Jeremias atravessou o momento histórico da queda de Judá pregando, ameaçando, anunciando a ruína e advertindo em vão os reis ineptos que se sucediam no trono de Davi. Depois da tomanda de Jerusalém, via nos exilados a esperança do futuro, mesmo tendo permanecido em Jerusalém, de onde teve que escapar, fugindo para o Egito, onde provavelmente morreu.
Já no chamado de Jeremias, fica evidente o conflito que o povo e o próprio profeta vivem:
"Eu te constituo, hoje, sobre as nações e sobre os reinos, para arrancar e para destruir, para exterminar e para demolir, para construir e para plantar" (Jeremias 1,10).
O momento da invação de Babilônia significa destruição, extermínio, demolição, mas, ao mesmo tempo, contrução e plantação; esse é o exílio!
Para ser verdadeiramente profeta, ensina Jeremia, não basta anunciar situações de catástrofe. De fato a terra está cheia de gente que desenham um presente e um futuro sem esperança, apenas pretendendo encontrar consenso de tantas pessoas desesperadas, que se alimentam com o desespero. Jeremias, é verdadde, não ilude seus contemporâneos habitantes de Jerusalém anunciando bem estar ou uma paz imaginária. Todavia, enquanto anuncia a amarga verdade, anuncia também palavras de esperança verdadeiras e sublimes.
Um bom exemplo dessa esperança se encontra na carta que o profeta manda aos exilados, que aparece em Jeremias 29:
Assim diz Javé: Quando se completarem setenta anos na Babilônia, eu olharei para vocês e cumprirei minhas promessas, trazendo-os de volta para este lugar. Conheço meus projetos sobre vocês - oráculo de Javé: são projetos de felicidade e não de sofrimento, para dar-lhes um futuro e uma esperança. Quando vocês me invocarem, rezarão a mim, e eu os ouvirei. Vocês me procurarão, e me encontrarão se me buscarem de todo o coração; eu me deixarei encontrar e mudarei a sorte de vocês - oráculo de Javé. Vou reuni-los de todas as nações e lugares por onde os espalhei, - oráculo de Javé - e tornarei a trazê-los para o lugar de onde os exilei (Jeremias 29,10-14).
Esse trecho é marcado por uma imensa esperança. O Exílio foi o resultado de escolhas humanas, de decisões denunciadas como contrárias à vontade divina por Jeremias. O profeta queria que o exílio não acontecesse; faliu na sua missão, poderíamos dizer. Mesmo assim, Deus não abandona o povo. Mesmo no Exílio, Deus segue o seu plano de salvação, que tem nos judeus o povo eleito, o instrumento para trazer para toda a humanidade a salvação. Do exílio o povo voltará. Assim também nós, nas nossas dificuldades não podemos nunca perder a esperança e ter certeza que mesmo se são frutos das nossas escolhas, Deus não se afasta e consegue transformar a situação, construindo um novo caminho que representa a nossa pessoal história de salvação.