Nenhuma passagem bíblica transmite alguma informação que nos leve a considerar Maria Madalena como uma prostituta. Trata-se de uma teoria sem fundamento e ofusca a verdadeira mensagem evangélica sobre essa mulher escolhida de maneira surpreendente por Deus para ser a primeira testemunha da ressurreição de Cristo, anunciando a boa notícia aos discípulos (João 20).

 

Quem era a Madalena?

Começamos constatando que entre os pregadores, desde o início da Idade Média (veja Gregório Magno), muitos identificam numa única pessoa 3 personagens evangélicos: Maria de Magdala, Maria de Betânia e a pecadora de Lucas. Tudo isso é muito prático a nível catequético, pois se cria uma imagem eloquente: a força do perdão é tão grande que transforma o pecador em amigo fiel de Jesus. Contudo os Evangelhos distingüem claramente as 3 personagens e não é correto identificá-las como uma única mulher.  Maria Madalena foi confundida com a mulher considerada adúltera, que ia ser apedrejada e que Jesus salvou, em Jo 8, 1-11. Também foi confundida com a mulher que ungiu os pés e a cabeça de Jesus como aparece em Lc 7,36-50 e Jo 12,1-8. Não há nos textos uma identificação dessas mulheres como sendo Maria Madalena.

 

Prostituta?

Algumas pessoas se baseiam no fato que em Lc 8,1-3, as mulheres nominadas que seguiam Jesus desde a Galileia, foram curadas de doenças e libertadas de espíritos malignos e, Maria Madalena, aparece como liberta de sete demônios. Associam esses sete demônios à prostituição, mas nada comprova que o fato de estar possuída por demônios, tenha a ver com a prostituição. O texto diz também que outras mulheres foram curadas de doenças e de espíritos malignos e elas não foram consideradas como prostitutas.

Ser possuída por demônios não deve absolutamente ser ligado à prostituição. Basta seguir o seguinte raciocínio: Jesus libertou muitos homens dos demônios e nenhum deles durante a história da interpretação foi associado à prostituição (cf. Lc 4,33-36; Mt 8,28-29; Mc 1,23-26). A Bíblia simplesmente mostra que a Madalena foi uma discípula fiel, modelo da missionária cristã, que anuncia com alegria: "vi o Senhor" (João 20,18).

É provável que na atribuição de "prostituta" subsista uma visão machista, que não consegue entender a lógica divina da revelação, que subverte os esquemas tradicionais e é capaz de eleger uma mulher como a primeira testemunha do evento mais importante da história da salvação.