Não é fácil falar sobre “temor de Deus” sem provocar engano. É um termo difícil de usar, pois dentro de nós sabemos que “temor” é algo parecido com “medo” e esse é um sentimento que ninguém quer, mas busca sobretudo escapar dele. Por que, então ter “temor de Deus”? Além desse lado humano, teologicamente sabemos que Deus é o sumo bem e não pode provocar um mal às pessoas, como pode ser o medo.

Tenho certeza que é esse contexto que leva você a buscar uma definição para essa expressão que aparece na Bíblia e é bastante usada na teologia. Por exemplo, o temor de Deus é um dos assim chamados “sete dons do Espírito Santo” (Isaías 11,2).

 

Na Bíblia é uma expressão que aparece muitas vezes (veja aqui:). O verbo usado em hebraico é yirah (ver detalhes) e em grego é phobos (saiba mais). Todos os dois vocábulos têm uma relação com “medo”, mas uma possível tradução é também “reverência”. Acredito que esse vocábulo traduza de maneira mais adequada a atitude do discípulo do Senhor louvada pela Bíblia. A reverência é o respeito que caracteriza, por exemplo, a relação do filho com o pai, que gera obediência, discipulado. Não é simples temor, mas reconhecimento da sebedoria, da voz que tem autoridade, que sabe indicar de maneira eficaz o caminho que deve ser seguido.

O cristão vive o “temor de Deus” quando se inclina diante da Palavra divina e segue a sua mensagem, vivendo os seus preceitos como regra de vida.

Portanto, uma metáfora que nos permite entender melhor o que é “temor de Deus” é a relação entre padre e filho, que se caracteriza pela reverência e pelo respeito filial.