A realidade da mulher na igreja de hoje provoca algumas dúvidas, pois talvez quiséssemos que fosse diferente, e então vem a vontade de verificar na Bíblia o que ela diz sobre esse tema. Em várias igrejas evangélicas as mulheres podem ser pastoras, como você menciona. Na igreja católica, o papel de padre é reservado unicamente para homens.
Uma análise básica já revela que as mulheres atualmente são os pilares das igrejas. Mesmo na igreja católica, a maioria dos catequistas e pessoas encarregadas da liturgia são do sexo feminino. Penso que também nas igrejas evangélicas elas também têm uma presença muito mais numerosa do que os homens. Apesar disso, quando se fala do grau mais alto de liderança, predominam os homens. E a Bíblia, o que diz?
A única menção que existe na Bíblia sobre a igreja nascente de uma mulher que parece ter um cargo se encontra em Romanos 16,1:
Recomendo a vocês nossa irmã Febe, diaconisa da igreja de Cencreia. Recebam-na no Senhor, como convém a cristãos. Deem a ela toda a ajuda que precisar, pois ela tem ajudado muita gente e a mim também.
Ninguém sabe direito o que significava esse cargo. Apesar disso, acredito que esse texto pode muito bem ser usado como fundamento da reflexão de quanto a Bíblia dê importância ao papel da mulher.
Primeiro de tudo, é necessário dar um pulo no tempo. Afinal de contas, estamos falando de mil anos atrás. Não é correto ler os comportamentos daquela época com os óculos de hoje. É preciso, sim, ver os sinais que podem ser colhidos lendo a Bíblia. Esse de Paulo é um deles.
Em um tempo que a mulher não contava nada, a Bíblia é profética e desafiadora, atribuindo a elas um papel de protagonistas. Veja, por exemplo, Maria Madalena, que foi a primeira pessoa para quem Jesus apareceu depois da sua ressurreição. Não é uma mera coincidência, mas uma mensagem. O mesmo se pode dizer do papel de Maria. Costumo dizer que pode ser que a nossa dificuldade de aceitar a sua colaboração na História da Salvação possa depender do nosso machismo e de preconceitos em relação à mulher.
Acredito que as igrejas precisam dar mais espaços às mulheres, não só nos serviços, mas também nos cargos, nos papéis de condução da comunidade.