O capítulo 2 de Jeremias, até o capítulo 6, representa a parte mais antiga da pregação do profeta e está situada antes da Reforma de Josias. Nesse momento histórico, Jeremias sublinha a apostasia de Israel, isto é, a idolatria: o povo abandonou YHWH e se dedicou ao culto de outros deuses. Isso, na visão dos profetas é como se fosse uma prostituição. Esse comportamento é emblemático no profeta Oseias, que mostra o amor de Deus por Israel, mas que é infiel com a idolatria. O casamento de Oseias com a prostituta, Gomer, ilustra a infidelidade de Israel para com Deus.
Também Jeremias marca essa falta de resposta como se fosse um ato de prostituição. Logo no início do capítulo o profeta diz a respeito do comportamento de Israel, no início:
Eu me lembro, em teu favor, do amor de tua juventude, do carinho do teu tempo de noivado, quando me seguias pelo deserto, em uma terra não cultivada.
Mas depois (veja versículos 8 e 9), ele lembra como sacerdotes, escribas e profetas “correram atrás do que não vale nada”. O que “não vale nada” pode ser tanto os ídolos quanto as alianças com outras nações: tudo mostra a falta de confiança e amor a Deus.
Isso para Jeremias resulta em castigo: “que a tua maldade te castigue e as tuas infidelidades te punam”.
A prostituição sagrada
O texto que você menciona fala claramente de um ritual que se fazia em templos pagãos, que era a prostituição sagrada. Veja a menção a “colina elevada” e “árvore verde”, que representam locais de culto. Os homens se dirigiam aos templos e lá encontravam as prostitutas e se uniam a elas.
Portanto, Jeremias denuncia o fato de Israel ter abandonado o serviço de Deus, dedicando-se à adoração dos ídolos. A prostituição indica a idolatria, mas aqui é acompanhada também da prostituição sagrada, que é mencionada em Deuterônomio 23,19 como abominável ao Senhor.