A sua pergunta não é tão clara, mas é provável que você questione sobre um grupo de livros bíblicos normalmente ditos "Sapienciais". Fazem parte desse grupo os seguintes livros:
- Jó
- Salmos
- Provérbios
- Eclesiastes
- Cântico dos Cânticos
- Sabedoria
- Ben Sira (Eclesiástico)
O livro dos Salmos faz parte desse elenco, mas poderiamos caracterizá-lo como "poético". Por isso, em alguns lugares poderíamos encontrar essa categoria de livros definidos como "Livros poéticos e sapienciais".
Os dois últimos livros do elenco aparecem somente na Septuaginta e fazem parte da Bíblia na tradição cristã, mas não na tradição hebraica. Foram originalmente escritos em grego e por isso os judeus os excluiram do elenco oficial. Todos os cristãos, até o Concílio de Trento, o incluíram na própria Bíblia. Lutero, ao invés, decidiu seguir o cânon hebraico e deixou esses livros fora da sua lista oficial de livros bíblicos.
Sabedoria
Trata-se de um conhecimento que deriva da experiência vivida por gerações, que se fixou aos poucos, em máximas, sentenças e provérbios, ilustrados com imagens e comparações.
O povo bíblico percebeu a riqueza e importância desses ensinamentos para a vida, visto que não era possível regular toda a vida com a Lei de Moisés. Existiam esferas vitais que precisam ser preenchidas por reflexões pessoais e conhecimentos que permitiam avaliar as pessoas e situações que se viviam.
Ao lado disso, cresceu a consciência de que há uma sabedoria que rege o universo e cada pessoa. Essa é a sabedoria divina, que em hebraico se chama “hokmah”; mas o seu conceito pode também ser expresso por “sedaqah” = “justiça”.
Aos poucos a Sabedoria começou a ser personificada. Ben Sira (Eclesiástico) identifica a sabedoria com a lei do Altíssimo (24,22-23) e diz que a sabedoria estabelece a sua morada em Israel sob a forma de lei (24,8). Também o livro dos Provérbios fala da sabedoria presidindo à obra da criação (8,25-36).
A apresentação da sabedoria como um ser distinto de Deus e do homem, que age por si ou seja, como uma pessoa mais do que qualquer outra coisa ou aspectos, quer sobretudo realçar a sua preciosidade e autenticidade.
No prólogo dos Provérbios, encontramos a sabedoria que convida para a sua mesa (Pr 9,1-6); ameaça quem a rejeita, porque a vida ou a morte do homem depende da sua capacidade de acolher ou de rejeitar a sabedoria (Pr 8,25-36). Ela pertence à esfera de Deus: só Ele a possui verdadeiramente e pode enviá-la como companheira e amiga do homem. É por isso que Ben Sira e o autor do livro da Sabedoria se dirigem a Deus em atitude de oração, pedindo o dom da sabedoria (Sb 8,21; Sir 39,5-6).