Hà muitas tradições sobre José de Arimateia e muitas coisas sem fundamento são ditas. Quando a Bíblia fala pouco sobre alguns personagens, a tradição cria narrações que não sabemos se são verdadeiras ou inventadas. Isso acontece principalmente com personagens mencionados no Novo Testamento, sobre os quais os evangelhos pouco dizem. Esse é o caso de José de Arimateia. Dele sabemos bastante, mas a Bíblia fala somente de um único evento, quando Jesus é sepultado, e nada se diz do que aconteceu depois disso.
Os 4 evangelhos falam de José de Arimateia:
- Mateus 27,57-60: Chegada a tarde, veio um homem rico de Arimateia, chamado José, o qual também se tornara discípulo de Jesus (...) José, tomando o corpo, envolveu-o num lençol limpo e o pôs em seu túmulo novo, que talhara na rocha.
- Marcos 15,42-46: veio José, de Arimateia, ilustre membro do Conselho, que também esperava o Reino de Deus...
- Lucas 23,50-53: Eis que havia um homem chamado José, membro do Consleho, homem bom e jsuto, que não concordara nem com o desígnio, nem com a aação deles. Era de Arimateia, cidade dos judeus, e esperava o Reino de Deus.
- João 19, 38: Joseé de Arimateia, que era discípulo de jesus, mas secretamente, por medo dos judeus, pediu a Pilatos que lhe permitisse retirar o corpo de Jesus.
A partir dessas informações podemos concluir que era um personagem importante, rico, que fazia parte do "conselho" e que simpatizava com a doutrina de Jesus.
Membro do Sinédrio?
A palavra usada para "conselho", que aparece em Marcos e Lucas, é βουλευτής (bouleutēs), vocábulo que ocorre somente essas duas vezes na Bíblia. Embora não se use exatamente a palavra Sinédrio (que, invés, aparece em 22 ocasiões no Novo Testamento - veja aqui), muitos pensam que ele era um dos representantes desse grupo de pessoas que tinham a tarefa de administrar a justiça, interpretando e aplicando a Torá.
De acordo com uma antiga tradição, o Sinédrio tinha setenta e um membros, herdeiros, segundo se supunha, das tarefas desempenhadas pelos setenta anciãos que ajudavam a Moisés na administração da justiça, além do proprio Moisés.
Herodes, conforme conta Flávio Josefo (Antiquitates judace 15.6), mandou matar 45 de seus membros, porque o conselho atrevera-se a recordar-lhe os limites dentro das quais devia situar-se seu poder. Substituiu-os por personagens submissos a seus desejos. Durante seu reinado e, depois, no tempo de Arquelau, teve limitada importância.