A maternidade divina de Maria é intimamente ligada à certeza da humanidade de Deus. Deus se encarnou e se tornou homem e para isso se serviu do sim de Maria, que é a sua mãe.

A questão que você põe foi causa de uma disputa muito intensa na Igreja das origens, que se resume na discussão do Concílio de Éfeso.

Nestorio acreditava que Maria tivesse que ser chamada de "Christotokos" (aquela que deu a vida a Cristo" (literalmente, aquela que trouxe Cristo). Nestorio sempre defendeu que em Jesus existiam duas pessoas separadas, o ser humano e o ser divino. Ele então pensava que Maria tinha sido a mãe somente do "humano" de Jesus e não do divino.

Do outro lado, vários padres da Igreja, entre os quais Cirilo, acreditavam, e conseguiram passar para a verdade teológica, na união entre as duas naturezas em Cristo, a divina e humana, intimamente ligadas e inseparáveis. Por isso, Maria foi definida como "Theotokos", mãe de Deus, aquela que trouxe Deus ao mundo.

Esse título sublinha que Maria deu à luz a Jesus e não que em alguma maneira ela existia antes de Deus ou o tenha criado.

Essa doutrina, obviamente, está em íntima conexão com a narração dos Evangelhos, que contam como Maria concebeu e deu à luz Jesus e Jesus a reconhece como sua mãe, no momento da sua paixão (João 19,26-27):

Jesus viu a mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava. Então disse à mãe: «Mulher, eis aí o seu filho.» Depois disse ao discípulo: «Eis aí a sua mãe.» E dessa hora em diante, o discípulo a recebeu em sua casa.