Um cristão não comete nenhum pecado decorando a sua casa com luzes, presépios e árvore de natal. É uma maneira de celebrar a vida que nos foi dada através do nascimento de Cristo. O pecado, no tempo de natal, está na submissão ao mero consumismo, esquecendo o evento que transformou a vida da humanidade, dando esperança e trazendo vida ao mundo.

Há muitas pessoas que se preocupam com a origem da "árvore", que como muitas tradições cristãs, coloca suas raízes em tradições fora do cristianismo. Além disso, muitos, levados por um impulso fundamentalista, não vendo na Bíblia nada sobre a celebração do Natal, colocam em cheque não só a árvore de natal, mas a festa em si.

A Bíblia não diz nada sobre a celebração do Natal, sobre o dia 25 de dezembro. Mas conta o nascimento de Jesus e nós, se pensamos que Deus tem importância na nossa vida, não podemos deixar passar em branco esse evento. Acredito que cada um pode escolher como celebrá-lo. Mas não somos uma ilha; ao invés, fazemos parte de uma humanidade, que tem a sua tradição, a sua história. E há séculos o natal se celebra tipicamente com a árvore, com o presépio e também com a troca de presentes, que são todos elementos que colocam ao centro o nascimento e a mensagem de Jesus, que nasceu em Belém.

 

A Árvore de Natal

Como já dissemos em outra ocasião, há várias razões para o uso da árvore. A primeira delas é, sem dúvidas, o simbolismo natural que ela transmite: a vida. Nesse sentido, há um elemento que quem vive nos trópicos não percebe de maneira igual a quem vive, por exemplo, na Europa. Durante o Natal é inverno no hemisfério norte. Na Europa, onde as tradições cristãs nasceram, nesse período as árvores perdem suas folhas e a vida nelas parece "ameaçada". Mas se sabe que depois de três meses, na primavera, as folhas reaparecerão; sabe-se que a vida está nelas e que brotará. Por isso, usar a árvore é como demonstrar a certeza da vida, a esperança no nascimento de uma realidade maior do que nós, que nos consola, que nos garante. Não é sem razão o uso do pinheiro, que é sempre verde, também durante o inverno. Essa dinâmica, espiritualmente falando, conduz a Jesus.

Além desse símbolo natural, ha também uma referência à Bíblia. Lembremos de Gênesis 3, do relato do Paraíso. A árvore, que estava no meio do jardim, era um sinal de Deus, um mandamento que conduzia à vida. Mas o ser humano não soube obedecê-lo e, comendo do seu fruto, transgrediu a Lei divina e com isso o pecado  entrou no mundo. Será o lenho de uma outra árvore, o lenho da cruz, que nos resgatará desse pecado, que cancelará definitivamente a condenação da humanidade, que tende ao pecado. Com a salvação de Cristo, entra no mundo a vida. São duas árvores: uma leva à morte e a outra à vida. A árvore de natal recorda também essa dinâmica.

Os enfeites das árvores vieram com o tempo. Se no início se usavam maçãs, para relembrar a história de Adão e Eva, as bolinhas de vidro tomaram seu lugar. Depois usavam-se também rosas, para lembrar a profecias de Isaías 11,1 que anuncia que do tronco de Jessé brotará um rebento. Houve um período quando se decorava a árvore com hóstias, lembrando o sacramento eucarístico, que traz vida. Usavam-se também placas de metal, que tinham a função de recordar o barulho que faziam os presentes trazidos pelos reis magos. Todos esses elementos podem estar presentes na árvore e nós também podemos acrescentar outros, que sejam significativos para a nossa própria família, que recordam a vida em plenitude, que é Jesus.

 

Concluindo, ao invés de nos concentrar em eventuais ligações com a mitologia antiga, que podem estar à base de nossas tradições ligadas ao Natal, deveríamos aproveitar a ocasião para celebrar a vinda de Cristo ao mundo, recordando sempre que o principal desse momento não são as compras, mas o espírito que transforma o mundo em um lugar mais cristão.