Holocausto é um sacrifício praticado pelos antigos hebreus, em que a vítima era inteiramente queimada. A origem da palavra é o grego: holókaustos: ὅλος, "todo" e καυστον, "queimado".
O sacrifício com a oferta de uma criatura aos deuses tem origem que transcendem as práticas religiosas dos hebreus. Eles receberam esse costume de outras religiões. A novidade dos hebreus é que eles sacrificavam a IHWH, ao Deus único.
Na tradição grega, a oferta de um animal era a maneira de preparar uma refeição que era partilhada com Deus e com as pessoas que partilhavam a mesma fé. As partes assadas do animal eram distribuídas às pessoas que participavam de uma celebração, enquanto que as partes não comestíveis eram queimadas sobre um altar, para agradar a Deus.
Na Bíblia o conceito do sacrifício, além de ser uma oferta ao Deus único, tem outras nuances que nos ajudam a entender o processo religioso da revelação, até chegar no sacrifício definitivo de Jesus Cristo.
Em hebraico o termo usado para holocausto é עלה, (`olah), que vem do verbo "fazer subir", isto é, elevar o que se tem de precioso a Deus. Os hebreus, com esse sacrifício, queimavam toda a carne, sem ficar nada para comer. Era visto como a forma de sacrifício perfeito (veja Números 28 - 29).
O animal sacrificado precisava ser especial, para sublinhar que o mais precioso pertence a Deus. Normalmente eram escolhidos os cordeiros, nascidos há pouco tempo, sem defeitos, pois precisavam ser aqueles melhores.
Essa prática continuou até a destruição do templo, por volta do ano 70 depois de Cristo. Portanto, Jesus via os sacrifícios no Templo de Jerusalém.
Depois da destruição do Templo, os judeus não oferecem mais sacrifícios, exceto os samaritanos, que até hoje, nas montanhas da Samaria, no período da Pásqua, sacrificam cordeiros durante as celebrações.
Nós cristãos podemos entender o Sacrifício de Cristo como a passagem do primeiro ao segundo culto, como afirma a Carta aos Hebreus, no capítulo 10, 11-14:
Cada sumo sacerdote se apresenta diariamente para celebrar o culto e oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que são incapazes de eliminar os pecados. Jesus, porém, ofereceu um só sacrifício pelos pecados e se assentou à direita de Deus. Doravante, ele espera apenas que seus inimigos sejam colocados debaixo de seus pés. De fato, com uma só oferta ele tornou perfeitos para sempre os que ele santifica.
Jesus é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1,29). Nos cristãos somos chamados a seguir o que encontramos em Efésios 5,1-2:
Sejam imitadores de Deus, como filhos queridos. Vivam no amor, assim como Cristo nos amou e se entregou a Deus por nós, como oferta e vítima, como perfume agradável.
E 1Pedro 2,5:
Do mesmo modo, vocês também, como pedras vivas, vão entrando na construção do templo espiritual, e formando um sacerdócio santo, destinado a oferecer sacrifícios espirituais que Deus aceita por meio de Jesus Cristo.
Holocausto e fim do mundo
Em relação ao fim do mundo, o holocausto não tem nenhuma ligação e não aparece no Apocalipse. A única possibilidade de ligá-lo ao "fim do mundo" é se o entendemos como uma desgraça, como foi o que aconteceu com os judeus durante a década de 40 do século passado, com a perseguição nazista. De fato a palavra holocauto, embora de maneira errada, é usada também para descrever o programa de extermínio do povo judeu colocado em ação pelos nazistas durante a segunda guerra mundial (veja aqui). Para essa perseguição, invés de holocausto, é correto usar o termo hebraico SHOAH, que denota melhor a ideia de destruição. O uso do termo "holocausto" para o extermínio dos judeus provoca certo desconcerto, pois apela ao significado religioso desse vocábulo e o liga à uma desgraça.