Costumo dizer que a Bíblia é um bilhete de amor: Deus, apaixonado, escrevo para o seu amado, a sua criatura.
Lembro de uma história, contada em um livro de Etienne Charpentier, que fala de um bilhete de amor de um casal que fazia vários anos que era casado. O casal mostrou esse bilhete de amor: era uma conta de matemática. A pessoa que não conhecia a história do amor do casal via naquele pedaço de papel uma simples conta. Invés para os dois, marido e esposa, era um bilhete de amor. Na verdade aquele pedaço de papel foi a primeira coisa que os ligou, quando estudavam: um passou para o outro aquele bilhete na hora de uma prova. Era uma cola, mas dali nasceu o amor deles.
Ora, alguém que não conhece a história que está por trás daquele bilhete irá ver aquilo sempre como uma simples conta. E aqui chego ao ateu.
Um ateu, por natureza, não crê em Deus e não pode imaginar que existe amor entre Deus e a sua criatura. Por isso nunca irá entender o "bilhete de amor". Pode tomar a Bíblia e considerá-la cientificamente, como uma exímia obra literária, que foi passada de geração em geração. Poderá estudar o que ela diz, empiricamente. Mas nunca será capaz de entender sua natureza, aquilo que lhe é próprio e que pode entender somente quem faz parte dessa dinâmica de amor, que mencionei de maneira paralela com a história do casal.
Com isso quero dizer que a Bíblia não pode ser entendina de maneira plena por um ateu. E, de consequência, considero que seja inútil tentar buscar na bíblia respostas para ateus. Isso só será possível a partir do momento que ele abrir mão de suas convicções e deixar-se levar pela mão do Senhor e aí Deus começará a lhe falar também através da Bíblia.