Também os pastores precisam dar o dízimo.
Na Bíblia, a primeira intenção do dízimo é sustentar a classe sacerdotal, os descendentes da Tribo de Levi, que na distribuição da Terra Prometida ficaram sem uma herança, pois a sua missão era se ocupar do culto ao Senhor. Isso se deduz das palavra do Senhor ao sacerdote Aaraão (Números 18,20):
Não terás herança alguma na terra deles e nenhyna oarte haverá par ti no meio deles. Eu sou a tua parte e a tua herança no meio dos israelitas.
Para compensar essa ausência de propriedade, o Senhor deu a eles todo o dízimo arrecadado em Israel, pelos serviços no culto (veja Números 18,21), como um salário.
Esse mesmo capítulo (18,25-29) lembra aos levitas que daquilo que recebem devem separar a parte de Iahweh, dito "dízimo dos dízimos", que deve ser dado ao sacerdote Aarão.
Um conceito muito importante nesse texto é que o dízimo é visto como "a parte de Iahweh". Não se fala em 10%, mas em separar "o melhor de todas as coisas", por que pertence ao Senhor.
Penso que essa colocação nos leva ao âmago do assim dito "dízimo". Trata-se primeiro de tudo de reconhecer que aquilo que temos vem de Deus e a parte melhor deve ser reservada a ele. Essa é uma proposta de humildade, de generosidade, de doação, como queiramos. Esse exercício não tem fim e faz parte essencial da vida cristã. Pode - e nisso acredito sinceramente - tornar-se uma caridade, que se faz como "justiça" (sedaqah = oferta = justiça).
Muitas igrejas fizeram desse preceito bíblico uma regra para sustentar a igreja e os seus líderes. Pode ser uma expressão da caridade cristã, mas não deve ser a única. A sinceridade desse gesto de desapego será comprovada pela sua índole de caridade que se mostrará no resultado que derivará do uso das ofertas recebidas dos fieis. Essa é uma missão das pessoas que estão à frente da comunidade e que se encarregam da gestão do dízimo.