Se você pensa que o dízimo é uma atitude importante do ser cristão, é imprescindível entender bem a teologia que está por trás desse gesto. Há muitos estudos teológicos e históricos sobre essa prática bíblica, que tem sentido ainda hoje. Em poucas palavras, poderíamos dizer que o dízimo é um reconhecimento do dom recebido por Deus e expressão da convicção de que aquilo que temos não nos pertence, mas nos é dado, repetindo, com dom. Essa convicção, digamos "espiritual", tem base na história de Israel e nasce a partir da necessidade de ser solidários com os levitas, a tribo dos sacerdotes, que não recebeu um pedaço de terra, depois da entrada na Terra Prometida. Não tendo de que viver, os levitas precisavam contar com a solidariedade das outras tribos irmãs, às quais Deus havia dado a terra como herança.
Em síntese, o Dízimo tem um aspecto de relação com o divino e outro de relação com a comunidade, ambos intimamente ligados pelo denominador comum da relação com Deus.
Uma característica do dízimo, desenvolvido no curso da história de Israel, é a solidariedade. Acredito que esse aspecto pode passar através da comunidade, se é organizada, mas pode ser também ser realizado fora dela: se encontro um pobre e dou uma esmola para ele, isso pode ser considerado dízimo. Outro aspecto é aquele da ajuda à comunidade de pertença. Sob esse ponto de vista, vejo incoerente o fato de dizimar em outra comunidade, que não seja aquela própria.
É importante ter consciência daquilo que se está fazendo. Só assim se evita de cair na prática estéril e mágica, coisa alheia à nossa religião.