Trata-se de um conjunto de blocos de argila, com escrita cuneiforme, encontradas no local de uma antiga cidade do Egito, que se chamava Amarna. Tell é o nome dado a um sítio arqueológico, uma pequena montanha que contém restos arqueológicos normalmente de uma cidade.

Esses escritos na verdade são cartas. Trata-se, portanto, de um arquivo de correspondência entre o Egito e os reis subalternos que governavam Canaã, a terra bíblica. Essa é a razão da importância desses escritos, pois tem a ver com a contexto geográfico bíblico.

Elas são do período dos reinados de Amenófis III e Amenófis IV (1389 – 1334 antes de Cristo). Essas datas são importantes porque, dependendo da datação que se dá ao período do Êxodo, pode coincidir com a entrada dos hebreus na Terra Prometida. Isso faz com que se recorra a essas cartas para ver se existem dados que possam confirmar quanto escrito pela Bíblia sobre a história de Israel. Essa é a razão da importância dessas cartas.

E confirmamos a presença de alguns elementos nesses escritos que podem ser ligados ao mundo bíblico. O mais importante deles é a presença nessas cartas do termo “habiru”.

Não conheço uma tradução em português dessas cartas, mas talvez exista. A tradução famosa é de Albright, que se encontra na obra "Ancient Near Eastern Texts" (aqui o texto em PDF - em inglês).

 

Os habiru

Muitos cientistas dizem que desse nome deriva a palavra “hebreu”. O tema de muitas cartas é o pedido dos reis vassalos do Egito, que governavam a região de Canaã, Palestina e Síria, para que o Faraó interceda com sua ajuda para se defenderem dos invasores habiru. Isso testemunharia a favor e confirmaria a história da conquista da Terra Prometida feita por Josué, colocando a sua datação no período dessas cartas, um pouco mais cedo do que o tradicional 1200 antes de Cristo. O Êxodo, se demos crédito a essa hipótese, teria acontecido por volta de 1400 antes de Cristo.

Descrição do Tell el Amarna

O sítio arqueológico se localiza à margem do rio Nilo e compreende uma área grande. Há vários túmulos de pedra nas extremidades norte e sul à base das falésias que abraçam a cidade. A oeste da cidade se localizavam as casas, templos, portos e também o palácio real, que em maior parte sumiram com o avanço da modernidade. A parte mais preservada de Tel-El-Amarna se localiza a leste da região, que coincide com o centro vital da da cidade. Essa imagem ao lado, dá uma visão geral da planta do sítio arqueológico.

 

O descobrimento

Como muitos outros lugares – Qumrãn, por exemplo – a descoberta desse local é uma história fantástica.

Em 1887, uma mulher egípcia, da aldeia de Tell-el-Amarna, estava cavando para obter sebala nas ruínas vizinhas de um antigo estabelecimento. Sebalah é a palavra usada pelos egípcios para designar o lixo e os escombros extraídos das antigas ruínas. Devido à sua riqueza em nitratos, é amplamente utilizado na agricultura como fertilizante. Ao escavar procurante este material, ela encontrou um grande número de placas de argila, nas quais havia alguma coisa escrita. Reconhecendo que estes estranhos objectos eram antigos, encheu vários sacos com eles e vendeu-os por pouco dinheiro a um dos seus vizinhos da aldeia.

Ele carregou os sacos em burros e transportou-os para norte até ao Cairo. Durante a longa viagem, os sacos foram grosseiramente manipulados e muitas das pastilhas de barro foram quebradas. Quando finalmente chegaram ao Cairo, os comerciantes de antiguidades não se atreveram a investir dinheiro nesses objetos, porque nunca tinha sido ouvido que tinham sido encontradas no Egito placas de argila com escrita cuneiforme. Essas tábuas eram da Mesopotâmia, onde a escrita cuneiforme havia sido praticada durante muitos séculos e, conseqüentemente, na opinião deles, aquelas oferecidas para venda eram consideradas como falsificações.

Não podendo vender esses blocos de argila no Cairo, o proprietário regressa ao sul, chegando em Luxor, onde um estudioso reconhece o seu valor.

O número desses blocos de argila encontrados em 1887 era de cerca 350. 22 deles foram parar no British Museu, 160 em Berlim, 16 no Museu de Giesel e o resto em mãos de pessoas privadas.

Após esta primeira descoberta, Flindees Petrie, o pai da arqueologia científica egípcia, começou a escavar o local.

Nos anos 40 do século passado, novas escavações foram realizadas, dirigidas por John Perdlebury, em cooperação com o Brooklyn Museum.