A fé é, sem dúvidas, o princípio do milagre. Ouvimos Jesus dizer, por exemplo, ao cegos de Jericó (Mateus 9,29): "seja feito segundo a vossa fé". E um pouco antes, no versículo 22 do mesmo capítulo, diz à hemorroíssa: "ânimo, minha filha, tua fé te salvou".
A fé move montanhas
Nas passagens que contam os milagres de Cristo, é sempre a fé da pessoa envolvida com a cura que transforma a situação. Mas nós somos uma comunidade e como tal podemos interceder a Deus pelas pessoas que amamos e a nossa fé pode, sem dúvidas fazer milagres. É o próprio Jesus que nos diz (Mateus 17,14-20):
Se vocês tiverem fé do tamanho de uma semente de mostarda, podem dizer a esta montanha: ‘Vá daqui para lá’, e ela irá. E nada será impossível para vocês.
Jesus diz isso por ocasião da cura de uma pessoa epiléptica. Diante do milagre de Cristo, os discípulos se dão conta que eles mesmo não conseguem fazer como o mestre e não hesitam perguntar a ele:
«Por que nós não conseguimos expulsar o demônio?»
E a resposta de Jesus é categórica:
«É porque vocês não têm bastante fé. »
O paradoxo dos milagres
O milagre é algo espetacular, uma evidência da presença de Jesus no meio de nós. Mas é também uma coisa que provoca um pouco de escândalo. Por que nem sempre eles acontecem? Por que Jesus não cura a todos, mas só alguns, e raramente?
Há muitas pessoas, cheias de fé, que rezam toda a vida para que um milagre aconteça e nada sucede. Ao mesmo tempo, outras pessoas são atendidas, sem muito esforço. Com certeza a fé está presente em todos os que pedem a misericórdia divina. O mesmo Cristo, durante a sua passagem na terra, curou alguns dos doentes que existiam na Palestina daquele tempo, mas não a todos. Por quê?
É um mistério e, como tal, não existe uma resposta pronta. Uma explicação plausível poderia ser encontrada na natureza do milagre: ele é um sinal. Como sinal, aponta para uma situação ideal; mostra uma realidade possível. Gostaríamos que Deus resolvesse todas as nossas dificuldades, mas ele nos deu a liberdade e ela supõe escolha, com suas consequências. Não somos marionetes nas mãos de Deus, mas responsáveis pelo nosso destino. Deus está continuamente dizendo, também através dos milagres, que uma vida digna é possível, faz parte do plano divino. Mas precisa da nossa colaboração para que se torne realidade. Nós podemos sempre contar com a participação da graça divina, que nos salvou de forma definitiva através da morte e ressurreição de Cristo.