No passado, as cidades mais importantes eram cercadas por um muro, cuja principal função, obviamente, era a de proporcionar segurança aos habitantes. Era uma aspecto vital na vida quotidiana e é por isso que muitas vezes esse elemento é lembrado pela Bíblia. Uma passagem expressiva encontramos no Salmo 48, que é um hino a Jerusalém:

“Rodeiem e percorram Sião, contando as torres dela. Admirem suas muralhas e observem seus palácios, para contar à geração futura: «Este Deus é o nosso Deus». Ele nos conduzirá por todo o sempre.”

 

As portas de Jerusalém

Embora toda a importância que representava Jerusalém para o ambiente bíblico, não conhecemos exatamente os detalhes, mesmo porque a configuração da cidade mudou muitas vezes. Em síntese, não sabemos bem quantas portas existiam em Jerusalém em cada período.

A tradição hebraica fala que uma vez Jerusalém tinha 12 portas. Número muito simbólico: cada porta significava o lugar de ingresso de cada uma das 12 tribos. Conta-se também sobre a existência de uma13a. porta, destinada ao ingresso daqueles que não sabiam de qual tribo eram originários. Por essa mesma porta podiam entrar também os gentios e assim também os "estrangeiros" não eram impedidos de entrar na cidade santa.

 

Na Bíblia

Encontramos três descrições relativas às portas de Jerusalém: Neemias 3; Ezequiel 48,30-35; Apocalipse 21.

Em Neemias, o nome das portas estão ligados à sua função: porta das ovelhas, porta dos peixes, porta do bairro novo, porta do vale, porta do esterco, porta da fonte, porta da casa de Eliasib, porta das águas, porta dos cavalos, porta do vigia

Ezequiel fala de uma cidade quadrada e cada um dos lados tem 3 portas, cada uma com um nome das 12 tribos de Israel.

A Jerusalém celeste, descrita no final da Biblia, em relação às portas, tem as seguintes características:

  • 12 portas e 12 anjos (Apocalipse 21,12)
  • 12 nomes das tribos (21,12)
  • 3 portas para cada ponto cardinal (21,13)
  • 12 portas abertas (21,21)

 

A porta "velha" e a "porta de Efraim"

Respondendo diretamente à sua pergunta, no elenco que apresentamos de Neemias 3, essas duas portas não aparecem. Elas, ao invés, estariam presentes, quando em 3,6 se menciona a "porta do bairro novo". Em alguns textos, ao invés de "novo" temos "velho" e por isso pode ser chamada também de "porta do bairro velho".

Esta mesma porta pode ser dita "de Efraim", pois assim ela é chamada em Neemias 12,39: "passando por cima da porta de Efraim, da porta dos peixes, da torre de Hananeel e da torre dos Cem, até a porta das ovelhas, paramos na porta da Guarda". Um manuscrito, quando menciona "porta de Efraim" coloca entre parênteses "porta velha".

A função dessa porta era dar acesso ao "bairro novo". É evidente que existia uma expansão da cidade e essa porta conduzia a um novo quarteirão.

 

As portas de Jerusalém hoje

A cidade de hoje, a Jerusalém velha, está circundada por um muro cuja construção foi feita no começo do Século XVI pelos turcos, o Sultão Suleiman o Magnífico. Os muros têm oito portões, um dos quais está fechado.

  1. Porta de Sião: que está no Monte Sião. Fora dela se encontram o Cenáculo e a Igreja da Dormição.
  2. Porta de Dung: é dita também porta dos essênios. Em Neemias provavelmente é a “porta do esterco”. É a porta que hoje dá acesso ao Muro das Lementações.
  3. Porta dourada: conhecida também como porta da misericórdia. É uma porta fechada, que daria acesso à explanada do Templo, onde atualmente estão as mesquitas dos muçulmanos. Diz-se que aguarda a abertura milagrosa, quando o Messias vier.
  4. Porta dos leões: tem esse nome porque dois leões (na verdade dois tigres) estão esculpidos no muro. Encontra-se próximo da atual igreja de Santa Ana, que recorda o nascimento de Maria e a Piscina Betesda.
  5. Porta de Herodes: se encontra perto do terminal de ônibus dos árabes e o seu nome provavelmente não tem nada a ver com o rei do tempo de Cristo, mas a uma semelhança linguística com a palavra “despertado”, em árabe, provavelmente relacionado com um cemitério que existia por aí, acenando à esperança na ressurreição.
  6. Porta de Damasco: é uma referência à cidade da síria, de onde no passado vinham os governantes de Jerusalém. Hoje é a porta mais movimentada, dando acesso ao mercado. É também de grande importância arqueológica, pois provavelmente mostra a entrada de Jerusalém construída por Adriano, logo depois de Cristo.
  7. Porta nova: tem esse nome por que foi aberta no final do império otomano, para permitir aos cristãos um acesso mais rápido ao Santo Sepulcro.
  8. Porta de Jafa: tem esse nome porque era por ela que entravam cristãos e judeus peregrinos, que chegavam no porto de Jafa. Está ao lado da torre de Davi e dá acesso ao bairro dos judeus e também àquele dos cristãos.