A igreja de Éfeso nasceu por volta do ano 50, há cerca de 20 anos depois da morte de Cristo.
No tempo de Cristo, Éfeso era a segunda cidade por importância, no Império Romano, atrás somente da capital, Roma. Tinha também muitos habitantes: cerca de 250 mil. Hoje existem apenas ruínas, meta turística e patrimônio da humanidade.
Na história do cristianismo é uma cidade fundamental. Além dos vários concílios que ali se ralizaram, a vida cristã parece ter começado bem cedo nessa cidade que ficava na atual Turquia. A partir da Bíblia podemos destacar dois elementos: o protagonismo de Paulo, com uma carta enviada aos habitantes dequela cidade e um texto no livro do Apocalipse, que fala da "igreja de Éfeso", uma das 7 igrejas às quais é dirigida uma carta (Apocalipse 2,1-7).
Primeiras notícias da comunidade
Precisamos nos basear naquilo que conta Atos dos Apóstolos 19, que descreve a chegada de Paulo naquela cidadezinha e diz que ali ficou durante 2 anos (19,10) ou 3 anos (20,31). Paulo nesse trabalho de evangelização era acompanhado por Timóteo, Erasto, Gaio, Aristarco e também Tito. Estamos, provavelmente, na década de 50 do primeiro século, há cerca de 20 anos da morte de Cristo. Paulo chega na cidade e "ali encontrou alguns discípulos", que haviam recebido o "batismo de João" e então Paulo lhes deu o "batismo em nome do Senhor Jesus" e sobre eles "veio o Espírito Santo". Poderíamos dizer que com esse gesto se inaugura a comunidade naquela cidade. Depois, na carta aos Efésios, Paulo falará tanto de EKKLESIA, que é traduzido em português com o termo "igreja".
Não sabemos quando os "discípulos" chegaram na cidade. Pode até ser que eles foram batizados por Jesus (veja João 3,22) e depois se transferiram para aquela região. O cristianismo se espalhou graças principalmente aos judeus, que como os apóstolos, abraçaram a fé em Cristo e se espalharam pela região da Ásia Menor e também no norte da África. Com o apostolado de Paulo, mas não só, nasceram as comunidades, as "igrejas", que se organizavam aos poucos, com uma gerarchia e com uma vida institucional. Quando Paulo deixa Éfeso (Atos 20,17 seguintes), é evidente que existe uma organização bem clara da igreja local, com os "anciãos" (presbíteros) como seus responsáveis.
A carta ao anjo da igreja de Éfeso
Assim lemos em Apocalipse 2,1-7
«Escreva ao Anjo da igreja de Éfeso. Assim diz aquele que tem na mão direita as sete estrelas, aquele que está andando no meio dos sete candelabros de ouro: Conheço a conduta de você, seu esforço e sua perseverança. Sei que você não suporta os maus. Apareceram alguns dizendo que eram apóstolos. Você os provou e descobriu que não eram. Eram mentirosos. Você é perseverante. Sofreu por causa do meu nome, e não desanimou. Mas há uma coisa que eu reprovo: você abandonou seu primeiro amor. Preste atenção: repare onde você caiu, converta-se e retome o caminho de antes. Caso contrário, se não se converter, eu chego e arranco da posição em que está o candelabro que você tem. 6 Ainda uma coisa boa você tem: detesta a conduta dos nicolaítas. Também eu detesto. Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao vencedor eu darei como prêmio comer da árvore da vida que está no paraíso de Deus.»
Essa "carta" e as outras seis presentes no último livro da Bíblia na verdade são dirigidas não só à igreja mencionada, mas a todo o povo de Deus e serve também para a nossa própria comunidade. Todavia, com certeza, serve para testemunhar a importância que tinha tal comunidade no tempo em que João teria escrito esse livro. Estamos já no final do primeiro século, há quase 50 anos da passagem de Paulo pela cidade. A menção em Apocalipse testemunha que a comunidade cresceu. Tradicionalmente se diz que João ali viveu, inclusive com a presença de Maria, a mãe do Senhor. É provável que ali tenha sido escrito o quarto Evangelho.