A íntegra da pergunta está aqui abaixo:

Busco uma maior compreensão nas questões da ressurreição.
Sempre aprendi que quando morremos habitaremos ao lado do Pai Criador, habitaremos e seremos pilar eterno da morada celestial.
Se estaremos para a eternidade junto ao Pai em espírito como podemos renascer em carne?
Isso significa que sairemos do túmulo e viveremos com os corpos terrestres que temos? Onde viveremos, no plano material ou espiritual?
Confesso que esse assunto, às vezes me faz questionar algumas passagens e por isso busco o seu auxílio para a melhor compreensão desse assunto.

A sua pergunta é muito direta e creio que muitas pessoas partilham esse pensamento. É algo que também a mim questiona e sinceramente não tenho uma resposta. Sabe quando uma criança pula nos braços do pai, do alto? Ele confia! Essa confiança eu tenho e tenho certeza, por que Ele ressuscitou, que a ressurreição é também a da carne e não somente algo espiritual. Nós, como parte da nossa natureza, queremos evidências, provas, explicações... Penso que a fé está intimamente ligada com o mistério e ele é insondável. É possível procurar entendê-lo, mas quando mais se aproxima, mais se fica impressionado e mais profundo se torna; é quando olhamos para o sol, que nos cega. O mistério faz isso, em um sentido positivo. Acredito que devemos aprender a não saber tudo, a termos perguntas sem respostas.

Apesar dessa colocação muito emotiva, penso que é tarefa dos teólogos tentar explicar intelectualmente a verdade divina, pois faz parte da fé buscar entender. E perguntas como a sua precisam ser respondidas, de alguma maneira. Talvez um ponto de partida seja a eternidade, que não é nem "antes" nem "depois", mas um sempre agora. As nossas dimensões de "tempo" e de "espaço" certamente não coincidem com aquelas divinas, como é evidente no período em que Jesus ressuscitado esteve com os apóstolos, aqueles 40 dias depois da sua ressurreição.

 

Sem ressurreição a nossa fé seria vã

Paulo, logo no início do cristianismo, se encontrou com um problema parecido, na comunidade grega de Corinto. Descobrimos isso através da sua primeira carta escrita aos cristãos daquela cidade (capítulo 15). Havia alguns entre os membros daquela comunidade que diziam que não existia "ressurreição dos mortos" (veja versículo 12). A eles - e também a nós hoje - Paulo responde de maneira categórica e bastante clara (1Cor 15,13-20):

Se não há ressurreição dos mortos, então Cristo também não ressuscitou; e se Cristo não ressuscitou, a nossa pregação é vazia e também é vazia a fé que vocês têm. Se os mortos não ressuscitam, então somos testemunhas falsas de Deus, pois estamos testemunhando contra Deus, ao dizermos que Deus ressuscitou a Cristo. Pois, se os mortos não ressuscitam, Cristo também não ressuscitou. E se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é ilusória e vocês ainda estão nos seus pecados. E desse modo, aqueles que morreram em Cristo estão perdidos. Se a nossa esperança em Cristo é somente para esta vida, nós somos os mais infelizes de todos os homens. Deus será tudo em todos -* Mas não! Cristo ressuscitou dos mortos como primeiro fruto dos que morreram.

A ressurreição é o que distingue o cristianismo. Se não tivéssemos essa certeza, a nossa religião seria um humanismo, uma filosofia que ensina como viver bem essa realidade limitada que é a nossa passagem pela terra. Ao invés, nós acreditamos que a nossa vida não é limitada a esta passagem aqui na terra, mas nos espera um ideal maior, uma vida eterna junto a Deus, que é um Mistério. Como mistério, não podemos saber exatamente o que significa. Mas é a fé que faz acreditar nela. Não é uma ingenuidade, mas a convicção que somos de Deus e a Ele somos destinados, assim como uma criança salta, sem medo, nos braços dos pais.

Não tenha medo de questionar; isso faz parte da nossa caminhada. Colocamos nossas dúvidas nas mãos de Deus e peçamos a Ele que aumente a nossa fé.