Graças a um texto deixado pelo tradutor em grego desse livro, dito "prólogo do tradutor", sabemos que o autor foi um personagem de nome "Jesus", filho de Sira (Jesus Ben Sira), que era um mestre de sabedoria em Jerusalém. Ele reuniu em um livro o melhor do seu ensinamento. Trata-se, portanto, de um livro que transmite a sabedoria.

O tradutor diz ser neto do autor. Ele chegou no Egito por volta do ano 132 antes de Cristo e começou a tradução da obra em grego, "para os que, fora da pátria, desejam instruir-se, reformar os costumes e viver conforme a Lei" (prólogo 33-34).

Até nós chegou essa tradução em grego, pois perdeu-se a tradução completa hebraica, razão pela qual esse livro não consta no cânon da Bíblia Hebraica, tendo assim ficado fora também do cânon protestante. Portando, esse livro só existe nas bíblicas católicas.

Apesar disso, a partir de 1896 foram encontrados diversos manuscritos em hebraico desse texto e enclusive em Qumrãn foram encontrados textos desse livro, em hebraico.

Comparando os diversos manuscritos, fica evidente que essa obra, já antes de Cristo, ganhou muitas edições. A tradição conhece as duas versões, uma sem adições, transmitida pelo versão grega traduzida pelo neto de Jesus Ben Sira, e outra com as adições, que estão presentes nos manuscritos em hebraico, na tradução siríaca e também na versão latina presente na Vulgata.

Nas bíblias de hoje, dependendo das edições, convivem as duas versões. A Bíblia de Jerusalém, por exemplo, coloca nas notas as adições que foram inseridas no texto original, que se encontram nos manuscritos recentemente encontrados.

 

O título do livro

Tradicionalmente se conhecia esse livro como "Eclesiástico", mas desde há algum tempo se prefere usar "Sirácida", que deriva da "assinatura" que encera o livro. A última frase do livro diz: "sabedoria de Jesus, filho de Sirac" (51,30). Em grego, esse nome é dito "Sirácida".

O nome "Eclesiástico", ao invés, é fruto da tradição dos padres da Igreja. Já no Século III encontramos testemunhança que chamam esse livro de "Eclesiástico" (Cipriano). Com certeza, tem a ver com Eclesia, igreja, sublinhando o uso oficial que a igreja fazia desse livro.