Hoje foi nosso último dia em Jerusalém (veja as fotos e o vídeo). No final da tarde fomos tomar um chá com um amigo dos tempos de estudo, Elio Passeto, da Congregação de Nossa Senhora de Sião, no Institute San Pierre de Sion (Ratisbonne). Era quase hora de começar o Shabbat, com o por do sol da sexta à tarde. A cidade fica quase deserta; as ruas normalmente cheias se esvaziam. Ainda passou um bonde, mas acho que era o último. Existia um clima de fim, nostálgico. Mas era “fim” como meta alcançada, vontade de regressar a viver aquilo que a gente gosta. Amanhã de manhã continuamos nossa peregrinação indo para o Norte, para a Galileia.
O nosso último dia na antiga Judeia começou cedinho. O sol nasceu às 6:35 e chegamos antes dele no topo do Monte das Oliveiras, no clássico mirante sobre a esplanada do Templo. Não havia ainda ninguém pelas ruas. Quando chegamos no destino, apenas os garis limpavam as ruas e um fotógrafo mais aventureiro do que nós. Mas não demorou muito para chegarem os tradicionais turistas – acho que eram chineses. Vimos a cidade amanhecer e até dava para escutar os galos cantando.
Voltamos para o hotel para o café e logo saímos para Ein Karem. Esse é o local aonde nasceu João Batista, o precursor de Cristo e aonde se deu o encontro entre Maria, mãe de Jesus, e sua prima Isabel, evento conhecido como “visitação”. Esses dois eventos recordam duas orações clássicas da liturgia cristã: o Magnificat (oração dita por Maria) e o Benedictus, dito por Zacarias, pai de João Batista, quando revela o nome do filho, depois de ter ficado mudo (veja Lucas 1).
Na mesma cidadezinha, na verdade um bairro de Jerusalém, ficam os dois locais que recordam os dois eventos citados. No centro fica a Igreja de João Batista, aonde se comemora o lugar do nascimento do Batista. A cerca de 800 metros, depois de subir uns 100 degraus, se encontra a igreja da visitação. Ambas são cuidadas pelos freis franciscanos. A propósito, hoje era festa de São Francisco de Assis, o santo a ecologia.
Todas as duas igrejas tem como características a presença das duas orações citadas acima colocadas nas paredes, em várias línguas, assim como o Pai Nosso na igreja sobre o Monte das Oliveiras.
A visitação é um lugar especial. Lembramos aqui a disposição de Maria de sair ao encontro, depressa, de quem se encontra em necessidade. Ela veio de Nazaré: ao menos uns 5 dias de viagem. E estava grávida. O local é muito agradável, bem cuidado. Nessa igreja existem duas capelas. Naquela inferior existe uma pedra que a tradição diz ser aquela que escondeu João Batista dos soldados romanos, que cumpriam a ordem de Herodes de matar as crianças até dois anos. A basílica superior possuiu afrescos que contam a vida de Maria e das mulheres da Bíblia.
A Terra Santa, como diz minha esposa Ombretta, é lugar de encontros; aqui encontramos pessoas conhecidas ou pessoas que depois voltaremos a encontrar. Assim aconteceu também na Igreja da Visitação. Queria pedir uma informação e vendo um frei, me aproximei. Ele, antes que eu falasse, disse “luisito”. Era o Pe. Nicolas, do México. Na década de 90 estudamos juntos teologia! Ele é o superior da comunidade religiosa local e nos convidou para o almoço.
Em Ein Karen há um terceiro santuário, que visitei algumas vezes no passado. Trata-se da igreja “São João no Deserto” e fica a cerca de 5 quilômetros dos dois santuários já mencionados. Tentamos chegar lá, mas estão refazendo as estradas e toda a área está interditada. Teremos que voltar para ver essa igreja que recorda a vida de João Batista no deserto.
Esperamos nos ver novamente, Jerusalém.