Hoje deixamos Jerusalém de manhã cedinho, depois do café. Descemos na direção de Tel Aviv, passando ao lado do aeroporto. Tel Aviv é uma cidade moderna, com arquitetura típica das cidades que crescem. Para o mundo internacional, exceto Trump, é a capital do país, embora Israel mesmo considere Jerusalém como sua capital.
Deixando para trás Tel Aviv, aonde se encontra Jope, citado muitas vezes na Biblia (Pedro ali ressuscita a discípula chamada Tabita e lhe é revelado de levar o Evangelho também aos gentios – Atos dos Apóstolos 9,36 seguintes), seguimos em direção ao norte de Israel, pegando a autoestrada 20 e depois a número 2.
Hoje dormiremos em Haifa, uma das maiores cidades de Israel, caracterizada pelo porto e pela presença do Monte Carmelo. No caminho para Haifa, paramos em Cesareia Marítima.
A cidade de Cesareia foi famosa no tempo de Cristo e teve um papel importante na expansão do cristianismo. Herodes, aquele rei que governava quando Jesus nasceu, constriu aqui um porto espetacular, único naquele período. Além disso fez muitas coisas grandes, como ele fez em tantos outros lugares da Palestina (ampliamento do Templo de Jerusalém, palácios em Jericó, em Massada e em Belém...). Fez inclusive um palácio para si. No fundo, a cidade ficou mais importante do que Jerusalém. De fato, depois das brigas familiares em seguida da sua morte, Roma nomeou um governador, que no tempo da morte de Cristo era Pilatos, e a sede desse governador era exatamente nessa cidade. Portanto, Pilatos morava aqui. Só durante as festas principais ia para Jerusalém, como aconteceu no tempo da morte de Cristo, sendo Páscoa.
A cidade foi importante até no tempo das cruzadas, passando obviamente por muitas destruições e reconstruções.
Do ponto de vista cristão, toda a zona do litoral foi evangelizada pelo diácono Filipe, junto com suas filhas. Ele era chamado de “evangelista” (veja sobre ele em Atos dos Apóstolos 6,5-6; 8, 5-40; 21, 8-9).
Depois, foi Pedro que também passou por aqui, batizando o centurião romano Cornélio. Paulo, antes de ser levado para Roma, esperando a sua condena, ficou preso nessa cidade durante dois anos.
Depois, na história do cristianismo, esse lugar teve um papel fundamental. Por exemplo, foi aqui que se decidiu, no final do século II, celebrar a festa da Páscoa em um domingo. Essa decisão foi feita pelo bispo Teófilo, no ano 195. Até então, os cristãos celebravam a festa como os judeus, no dia 14 de Nissan. Depois, não podemos esquecer de Orígenes, que aqui compôs a famosa Hexápla, uma bíblia com 6 versões diferentes, em 6 colunas. Aqui também viveu o famoso histórico Cristão Eusébio de Cesareia.
Tudo isso a gente vive visitando as muitas ruínas dessa cidade. É uma área muito ampla. Algumas coisas estão muito bem preservadas, inclusive colocando à disposição dos visitantes muitos recursos multimídias. É um parque nacional, e a entrada que compramos para todos os parques também vale para esse sito.
Nós também almoçamos dentro desse parque. Hoje era Shabbat e obviamente vimos muitos judeus visitando o local. Havia poucos peregrinos. O que nos chamou a atenção é a mistura que as autoridades israelenses promovem em locais como este: o antigo e o novo. Vivendo em Roma, conhecemos bem o cuidado com as ruínas, em preservar cada achado, evitando misturar com construções que poderiam deturpar o contexto. Aqui, ao invés, esse escrúpulo parece quase ausente. No meio das ruínas, construíram muitos restaurantes, com estilos muito questionáveis. Por outro lado, toda essa atitude traz muita vida para o local. Não é fácil estabelecer o confim entre o preservar e o viver a história.