Hoje passamos a maior parte do tempo “do outro lado do lago”, como dizem os Evangelhos quando se referiam a “viagens” de Jesus para território pagão, que não pertencia a Israel. Estivemos em Hipos e Kursi. De tarde, uma visita à Basílica de Nazaré...
Deixamos, como ontem, Tiberíades para trás e fomos para o sul do lago. Bem do outro lado de Tiberíades se encontrava a nossa meta: uma das dez cidades mais importantes da região na época do domínio romano: Hipos (em grego) ou Susita (em aramaico). Era uma cidade importante, que fica em um local privilegiado, sobre o lago da Galileia, com uma vista espetacular, principalmente pela manhã, quando o sol está atrás das colinas, sobre as alturas do Golã. Passamos cerca de 2 horas no local e não encontramos nenhum visitante, exceto o único guardião do local, que no final ficamos “amigos”, depois de tantos encontros entre as ruínas. Também essa cidade foi definitivamente destruída no terremoto do VIII século (como Bet Shean). Era muito florescente, tendo sido inaugurada por Antíoco Epifânio, aquele que causou a revolta dos Macabeus. Com o advento do cristianismo, chegou a ter 7 igrejas.
Em Hipos atualmente não existe nenhuma infraestrutura e inclusive a estrada que leve até lá é um pouco clandestina, pois uma placa proíbe o acesso, embora seja costume seguir adiante, ignorando o aviso. Há poucos meses, em umas das 5 igrejas, foi descoberto um importante mosaico com símbolos da multiplicação dos pães e dos peixes.
O Evangelho não fala dessa cidade. A razão é provável que seja a sua índole pagã, com uma cultura helenística que marcava a vida da cidade. Do ponto de vista bíblico, ficava em território pagão. Mas Jesus não se eximiu de pisar e anunciar sua boa nova nesse lado do lago. Testemunho disso é a cura do endemoniado, “na região dos gerasenos”, do “outro lado do lago”.
Ninguém sabe exatamente aonde isso aconteceu, mas a traição, já a partir do III século colocou em uma localidade chamada Kursi esse milagre famoso de Cristo, quando ele liberta um homem que vivia em cavernas e permite que o espírito mau se transfira em uma manada de porcos que vivia por ali. Hoje, em Kursi, existe uma excelente estrutura dos “Parques Nacionais” de Israel e é uma visita muito agradável. Na parte baixa existe as ruínas de uma igreja muito antiga e na colina outra igreja recorda a gruta aonde vivia o homem endemoniado.
Depois do almoço, em um kibutz entre tantos que existem às margens do lago, fomos em direção de Nazaré. É um lugar tradicional de toda peregrinação, visto a importância dos fatos que ali aconteceram: a anunciação por parte do anjo a Maria, da sua missão de ser a mãe do Senhor. Além disso, foi ali que Jesus passou a maior parte da sua vida. Hoje é uma cidade caótica, que conta com cerca de 70 mil habitantes, aonde convivem pacificamente judeus, cristãos e muçulmanos. Cerca de 1 terço dos cristãos da Terra Santa vivem nessa cidade.
A Basílica, cuidada pelos Franciscanos, é muito bonita, embora seja moderna. Destaca-se a gruta da anunciação. No complexo, existe também um museu com ruínas e utensílios da vida antiga da cidadezinha e também a Igreja de São José, aonde teria sido o local de trabalho, como carpinteiro. Na cidade, existem também uma igrejinha ortodoxa que a tradição diz ser a “fonte da virgem”, aonde Maria pegava água. Outra igrejinha é dita “sinagoga”, recordando a leitura por parte de Jesus da passagem do profeta Isaías (Lucas 4,16-31).
Saímos de Nazaré às pressas, porque com o por do sol começou o Yom Kippur e durante esse dia (do por de sol de hoje até o por do sol de amanhã) tudo para em Israel. Amanhã contamos sobre isso.