Não sei bem como você conseguiu esses dois números que menciona, mas na Bíblia católica os livros do Antigo Testamento são 46 e em uma das versões crítica da LXX mais usada, a de Rahlfs, o total de livros da LXX é de 52.

versão da bíblia em grego, dita Setenta (Septuaginta, LXX), é uma tradução da Bíblia (do Antigo Testamento) feita já antes de Cristo. A Septuaginta se tornou o texto de referência para os cristãos, enquanto que os Judeus, desde o final do primeiro século depois de Cristo, preferiram se afastar dela – provavelmente para criar uma autonomia em relação aos cristãos, adotando na sua lista de livros apenas aqueles escritos em hebraico, considerada a única língua inspirada.

 

LXX e o cânon da Bíblia Católica e Ortodoxa

Existem algumas considerações básicas que precisa ter em mente. Primeiro de tudo, a versão da Bíblia dita Setenta não é um cânon. Ou seja, a Bíblia católica e ortodoxa se baseiam nos livros presentes na LXX, mas não tomam todos os livros ali presentes. A Bíblia católica toma de lá, além daqueles da Bíblia Hebraica, os 7 famosos livros ausentes na Bíblia protestante (Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Eclesiástico (ou Sirácide) e Baruc). Assim faz também a Bíblia dos cristãos ortodoxos, e tomam, além desses 7, outros livros.

Confesso que não é fácil de achar o cânon da Igreja Ortodoxa. No site da igreja ortodoxa nos Estados Unidos, encontro que a lista dos seus livros bíblicos é a mesma daquela católica. Em outro lugar, todavia, vejo que a Bíblia deles, aos 46 livros do Antigo Testamento dos católicos, acrescenta: 3 Esdras (conhecido como Esdras grego), 3 e 4 Macabeus, Odes de Salomão, Oração de Manassés e Salmo 151.

Além dessa síntese limitada, é necessário considerar que na LXX há algumas textos que são apresentados separadamente e que nas nossas bíblias foram incorporados em um livro já existente. Isso acontece particularmente com “Susana”, que se torna o capítulo 13 de Daniel e “Bel e o Dragão”, que se torna o capítulo 14 de Daniel.

 

Cisma entre duas igrejas

O marco da separação das igrejas do Oriente e do Ocidente é a excomunhão mútua que aconteceu em 1054 entre Constantinopla e Roma.

As disputas subjacentes ao cisma eram basicamente duas. A primeira dizia respeito à autoridade papal: o bispo de Roma se reconhecia como sucessor de Pedro e por isso com autoridade “natural” sobre toda a igreja, também sobre os outros quatro patriarcados orientais (Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém), que, com Roma, formaram a chamada pentarquia. Esses 4 patriarcas concediam a Roma apenas uma primazia honorária e deixavam que sua autoridade efetiva se estendesse apenas aos cristãos do Ocidente. A outra disputa dizia respeito à adição por parte da Igreja Latina do filioque no Creio (o Espírito Santo procede do Pai e do Filho). Houve também outras causas menos significativas, entre as quais algumas variações de alguns ritos litúrgicos como a questão do uso do pão ázimo durante a Eucaristia, o casamento dos sacerdotes, a confirmação dos batizados reservados apenas ao bispo.

 

Reaproximação

As excomunhões foram revogadas com uma declaração conjunta do Papa Paulo VI e do Patriarca de Constantinopla Atenágoras ,em 7 de dezembro de 1965 (o Concílio Vaticano II terminou a 8 de Dezembro; Atenágoras e Paulo VI reuniram-se em Jerusalém a 5 de Janeiro de 1964). Desde então, muitos passos de aproximação foram dados e, desde 1980, existe uma "Comissão Conjunta Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica Romana e as Igrejas Ortodoxas". Em caso de necessidade, há um reconhecimento mútuo dos sacramentos e do culto: um católico pode fazer comunhão numa celebração ortodoxa e vice-versa. A inclusão no "Credo" de Roma da afirmação de que o Espírito Santo procede também do Filho, assim como do Pai não é mais considerada um obstáculo e pode ser usada por ambas em ocasião de celebrações ecumênicas.

 

Diferença básica

Entra as duas igrejas existe uma diferença essencial em termos de gestão: uma é singular e a outra é plural. A Igreja Católica (“igreja universal”) tem sua unidade representada pela figura do papa. Ao invés, a Igreja Ortodoxa (“igreja que segue a reta doutrina”) é composta por 17 igrejas, que professam a mesma doutrina, mas quanto ao governo, são independentes entre elas, reconhecendo ao Patriarca de Constantinopla somente um primado honorífico.