O dilúvio, como explicado em outro momento, é uma composição literária que usa elementos mitóligos para transmitir uma mensagem para o Povo de Deus. Essa mensagem é aquilo que significam as águas e a arca.
Em poucas palavras, o Dilúvio é um fenômeno que retrata a renovação da criação. Não é, portanto, uma mera punição. Tendo a violência se difundido sobre a terra a tal ponto de comprometer a existência da humanidade (Gênesis 6,11.13), essa renovação se tornou fundamental. Nas águas do dilúvio, portanto, desaparece a violência; apenas Noé, o justo, e a sua família permanecem e assim a nova criação possa começar por meio de um justo, estabelecendo-se um projeto de paz onde fica sublinhada a aliança que Deus quis para a humanidade.
O dilúvio parte de uma realidade conhecida pelo povo da Mesopotâmia, que vivia entre dois rios, acostumado com enchentes, e se torna um evento mundial, onde é preciso distinguir os aspectos reais e simbólicos, típicos de quando se torna universal um acontecimento local. É um paradigma usado pelo autor bíblico para descrever uma realidade comum a todos os seres humanos de todos os lugares.
O autor, com elementos bem conhecidos pelo seu público, descreve as consequências do pecado e transmite a esperança na ação salvífica divina, apresentando uma nova ordem no mundo.
Água e arca
Se quiséssemos, poderíamos comparar essa água com aquela do batismo, que purifica, que dá nova vida, que inaugura uma nova ordem na vida do batizado.
A arca, de maneira alegórica, poderia ser vista como a comunidade, que leva à salvação.