O rei Sedecias, que estava no poder quando o povo de Jerusalém foi levado para o exílio e a cidade destruída, cerca de 600 anos antes de Cristo, era já um súdito de Babilônia, mas, por baixo do banco, fez uma aliança com o Egito, que não deu certo. Esse jogo político internacional não estava bem aos olhos de Jeremias, profeta do Senhor, que denuncia a falta de confiança do rei e do povo em Deus, o Senhor da História conforme a visão profética e bíblica.
Do ponto de vista da fé, aquilo que pede Jeremias é que o rei e todo o povo se submetam à vontade do Senhor, Rei da HIstória e soberano de Israel.
De qualquer forma, aproveitamos a oportunidade para repassar um pouco de história de Israel e entender melhor a ação profética de Jeremias.
Contexto
A chave para entender a questão que você põe é Jeremias 36-37. No capítulo 36, Jeremias pede que o rei Joaquim e todo Israel façam penitência, para que a ira do Senhor não caia sobre o povo, por causa da "iniquidade e pecado" do povo, caso contrário Israel seria invadido pelos babiloneses: "o rei da Babilônia virá, saqueará esta terra e dela fa´ra despaarecer homens e animais" (36,29). O rei não quis saber do conselho do profeta e rasgou o rolo que o profeta havia escrito, queimando-o no foto. Jeremias escreve um outro rolo no qual diz que não só Israel será conquistado pela Babilônia, mas o rei, filho de Josias, e todo povo de Judá será perseguido com a desgraça mandada pelo Senhor.
Nabucodonosor então conquista Judá e determina quem será o rei. E no capítulo 37 do Profeta Jeremias encontramos o rei Sedecias, que também é filho de Josias.
Sedecias
O terceiro filho de Josias foi o último rei do Reino do Sul, de Judá (597-586). Segundo o juízo do histórico bíblico, esse rei "fez o que é mal aos olhos de Deus" (2Reis 24,19).
Embora sendo súdito do rei da Babilônia, na corte de Jerusalém haviam muitos que queriam que Sedecias fizesse uma aliança com o Egito, inimigo da Babilônia. E foi isso que o rei de Judá fez, aliando-se com o Faraó Psammético II, coisa que Jeremias condena.
Esse é o contexto de Jeremias 37.
Sedecias consultou o profeta sobre o futuro de Judá, tendo em vista a alinaça que ele fizera com o Egito. E essa foi a resposta de Jeremias:
"Eis que o exército do Faraó que saiu para vos ajudar voltará para a sua terra. Os cauldeus votarão a lutar contra esta cidade, conquistá-la-ão e a incendiarão" (37,7-8).
A Aliança com o Egito, logicamente, não foi bem vista por Babilônia, que decide entrar em Jerusalém. Diante da ameaça, o exército do Egito sai e vem para socorrer Sedecias. Mas, para seu azar, o faraó morre e o seu sucessor não segue a mesma linha e Judá fica abandonado à sua própria sorte e a cidade é destruída pelos caldeus (Babilônia), em 587.
Sedecias foi levado para o exílio em Babilônia e antes disso, Jeremias, acusado de ser partidário dos caldeus, foi jogado numa cisterna, tendo sido posteriormente levado para o Egito por amigos. Judá, ao invés, perdeu seu status de reino e se tornou uma província do Império Babilonês e o povo foi exiliado. Essa situação durou até que os persas conquistaram a Babilônia, no ano de 538, quando o rei persa Ciro, o Grande, permite aos hebreus de voltarem a Jerusalém.