A Lei do Levirado obrigaga o cunhado a se casar com a cunhada, caso ela fique viúva, sem ter tido um filho homem. Essa palavra, de fato, vem do latim e está ligado ao termo "cunhado" (levir = cunhado, em latim).
A lei, mencionada em Lucas 20, quando Jesus é questionado sobre a ressurreição (veja também Mateus 22 e Marcos 12), é apresentada em Deuteronômio 25,5-10:
Quando dois irmãos moram juntos e um deles morre sem deixar filhos, a viúva não sairá de casa para casar-se com nenhum estranho; seu cunhado se casará com ela, cumprindo o dever de cunhado. O primogênito que nascer receberá o nome do irmão morto, para que o nome deste não se apague em Israel. Contudo, se o cunhado se nega a casar-se com a viúva, esta irá aos anciãos no tribunal, e dirá: ‘Meu cunhado se nega a transmitir o nome de seu irmão em Israel; não quer cumprir comigo seu dever de cunhado’. Os anciãos da cidade o convocarão e procurarão convencê-lo. Se ele persiste e diz que não quer se casar com ela, então a viúva se aproximará dele, diante dos anciãos, lhe tirará a sandália do pé, lhe cuspirá no rosto, e fará esta declaração: ‘Isto é o que se faz com um homem que não edifica a casa do seu irmão’. E em Israel ele ficará com o apelido de ‘a família do descalçado’.
É uma lei que visa primeiro de tudo, como dito no texto, fazer com que o defunto tenha uma descendência, "para que o seu nome não se apague em Israel". Um objetivo implícito é aquele de proteger a viúva. Há alguns textos bíblicos que sublinham a situação de fragilidade que viviam as mulheres viúvas. Basta pensar na história de Elias, que vai à casa da viúva de Serepta (1Reis 17,7-24), mas também a Jesus em Naim (Lucas 7).
As viúvas, em várias passagens da Bíblia, junto com os estrangeiros e órfãos, são protegidas pela Lei de Deus (Êxodo 22,23; Deuteronômio 10,17-18; 24,17-21; 26,12-13; 27,19). Na mesma linha seguem os profetas, com vários apelos (veja Jeremias 7,6-7; 22,3; Zacarias 7,9-10) em prol das viúvas, como isso que é dito por Isaías 1,17
aprendam a fazer o bem: busquem o direito, socorram o oprimido, façam justiça ao órfão, defendam a causa da viúva.
Todos esses textos denunciam o estado das viúvas, junto com aqueles dos órfãos e dos estrangeiros. Em relação às viúvas, sendo uma sociedade patriarcal, logicamente as mulheres não tinham recursos próprios, mas se apoiavam naqueles dos maridos. Se esses faltavam, a vida para elas não era fácil. Não podemos consiederar a sociedade de então como aquela de hoje, com os auxílios que, às vezes, a previdência social pode assegurar. As mulheres então eram completamente abandonadas a si mesmas, sem propriedade, sem meios de subsistência. Podiam contar apenas com a solidariedade da gente.