Normalmente, quando se ensina História de Israel, costumamos dizer que os três primeiros reis de Israel, Saul, Davi e Salomão, governaram toda a região e que, depois da morte de Salomão, Israel foi dividido em Reino do Sul, com Jerusalém como capital, e Reino do Norte, cuja capital era Samaria. Portanto, historicamente falando, não é correto que Davi reinava em uma parte e Saul em outra.
Sabemos que Saul não agradou ao Senhor e que enquanto ele ainda vivia, Samuel ungiu a Davi como rei, em Belém. Toda essa história é contada na segunda parte de 1Samuel, a partir do capítulo 16. A "subida de Davi" ao trono, como contada pela Bíblia, é muito influenciada por uma certa ideologia davídica, o que ofusca o aspecto histórico desses dois personagens. Lendo 1Samuel, ficamos quase com pena de Saul, que mesmo rei, não consegue mais governar pois o preferido do Senhor era Davi.
Enquando os dois conviviam, quem era efetivamente rei de Israel era Saul, embora as disputas entre os dois. Davi "toma o poder" só depois da morte do rei, em Gelboé, suicidado-se durante a batalha contra os filisteus, como contado em 1Samuel 28.
É verdade que em 2Samuel 2 finalmente parece que Davi é ungido rei em Hebron, sobre "a casa de de Judá", mas essa parece ser uma tradição que ignora a unção feita por Samuel, em Belém.