O livro do Apocalipse começa, depois da introdução, com as cartas às Igreja da Ásia. São 7 cartas para 7 igrejas: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia. A resposta nesse link fala de cada uma dessas localidades também no tempo de hoje.
Não entro em detalhes sobre as cartas singularmente. Você pode ler aqui algumas respostas mais particulares.
As coisas que lemos no Apocalipse são reais e se realizam constantemente. As cartas escritas às 7 igrejas são escritas a nós. O número 7 representa a totalidade e nós estamos dentro dela. A nossa comunidade pode ser "éfeso", que persevera, mas também "sardes", como fama de estarmos vivos, mas efetivamente estamos mortos (como comunidade, entendo). João escreve para cada um de nós e cada carta serve para a nossa comunidade fazer um exame de consciência e se analisar.
As outras profecias do Apocalipse são igualmente reais. A besta, por exemplo, pode ter sido o imperador Nero, mas também pode ser um governo de agora, pode ser um pai de família mau. Contra essas expressões do mal, temos diante a esperança do bem, que derrota e garante, para nós a vitória.
O apocalipse é um livro de esperança, que deu ânimo à comunidade do final do primeiro século da era cristã e pode dar esperança também a nós hoje.
Sobre as profecias e o Apocalipse
Gostaria nesse momento de sugerir alguma reflexão, em geral, sobre o Apocalipse ou, como corretamente chamam os protestantes, Revelação. É isso mesmo, trata-se de uma revelação da vontade de Deus para as nossas vidas! Nesse livro, que é o último da Bíblia, com uma linguagem muito especial, João nos conta qual é o plano de Deus para a nossa vida, para a Igreja e para a humanidade. A sua realização é uma graça de Deus, que deve ser acolhida na nossa vida: é um presente potencialmente realizável, cuja efetivo cumprimento depende só de nós.
Costumamos pensar que as profecias, e também o Apocalipse, sejam alguma coisa que têm a ver com a previsão para o futuro. Não é isso! O profeta não prevê o futuro, mas vê a realidade com os olhos da fé em Deus e, nesse sentido, consegue ver o horizonte, consegue imaginar o plano de Deus para nossas vidas e vislumbrar o futuro. Não se trata de advinhação, mas de visão clara da realidade.
A coisa particular do Apocalipse é a linguagem. Trata-se de imagens e símbolos tomados de um contexto particular, dito "literatura apocalíptica", presente também em diversas partes da Bíblia, como Daniel, por Exemplo, mas também em Ezequiel e até mesmo em algumas passagens dos Evangelhos. Essa literatura, da qual estamos muito distantes e nos parece estranha, era comum a um ambiente particular e bem entendida. Quando João usava certos símbolos, eram entendidos por seu público. Hoje isso naõ acontece conosco, pois estamos fora do contexto. Precisamos da mediação de estudos e de pessoas competentes, das quais podemos confiar. Fim do mundo não é o que prevê o apocalipse e tão pouco catástrofes: diz qual será o futuro com e sem Deus.