Não existe nenhum significado do ponto de vista ortodoxo. Essa não é uma palavra que aparece na Bíblia. O seu uso se encontra particularmente em ambientes das igrejas evangélicas, principalmente inserida no contexto do "dom das línguas", aquilo que Paulo chama de Glossolalia (do grego γλώσσα, "glóssa" [língua]; λαλώ, "laló" [falar]), quando alguns grupos de cristãos se reúnem e, durante os cultos, certas pessoas começam a falar usando palavras estranhas, que ninguém entende. É dito que nesses casos, as pessoas têm o "dom das línguas".

Esse tema das língas era já muito vivo na comunidade primitiva. Na primeira carta que Paulo escreveu aos cristãos de Corinto ele fala claramente dessa questão, nos capítulos 13 (aquele famoso sobre o amor / caridade) e 14. Nesses dois capitulos podemos constatar a existência da Glossolália nas comunidades, sem ficar muito claro o que isso significa. Paulo fala claramente de "línguas", mas não é evidente que tipo de língua seja, se línguas existentes ou palavras que ninguém entenda.

Em 1Coríntios 14, o apóstolo dos gentios coloca em paralelo o falar em línguas com o dom da profecia (versículos 2-4):

Aquele que fala em línguas, não fala aos homens, mas a Deus: ninguém o entende.
Aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola.
Aquele que fala em línguas, edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembleia.

Em síntese, Paulo, nesse capítulo, diz que é muito melhor que na comunidade existam profetas e não gente que fale em língua (14,5):

Prefiro que profetizeis.

 

Pentecostes - O Espírito Santo

Normalmente o dom das línguas é uma coisa que se atribui ao Espírito Santo, pois em Atos dos Apóstolos 2, durante a sua descida sobre os Apóstolos, Lucas conta que toda a multidão, vinda de diferentes países, entendia os apóstolos falarem em sua própria língua.

Esse evento tem uma ligação direta com a história da Torre de Babel (Gênesis 11). Nesse texto, a ambição humana de estar no nível de Deus levou à separação, à divisão, e as pessoas acabaram por não se entenderem entre si. Em cristo, essa situação é sanada: todos agora podem entender, no seu próprio idioma, a mensagem trazida por Ele. Não importa se falo em inglês, português, italiano ou outra língua: a mensagem chega de qualquer forma.

Há também um outro aspecto secundário, mas que poderíamos incorporar nessa interpretação. A língua "religiosa" no tempo de Cristo era o hebraico. Embora as pessoas falassem o grego, latim e aramaico, na hora da oração, a língua usada era o hebraico. Com cristo, esse limite não existe mais e a sua mensagem se difunde em todo mundo, não importando raça ou língua.