A promessa é um elemento comum na Bíblia e também na vida de fé do cristão. Temos o exemplo de Paulo, que raspa os cabelos por causa de um voto feito (Atos 18). No fundo é um modo que a fé encontra para forçar o caminho em direção à comunhão com Deus: é um percurso que leva o fiel a Deus e não o contrário, pois Deus está sempre presente em nossas vidas.
É preciso sublinhar a lógica do voto para não cairmos em um perigo muito ameaçador que se encontra incito nessas práticas religiosas. Algumas pessoas pensam, com as promessas que fazem, "obrigar" a Deus a agir, como uma forma de pagamento por sacrifícios que se fazem: o meu empenho é a moeda dada a Deus para pagar a sua intervenção. Uma atitude desse tipo nada tem a ver com a fé, pois se trata de querer dominar a Deus. A promessa só tem sentido se é um percurso que nos leva a aproximar-nos de Deus, consertando alguma realidade não tanto digna de nossa vida ou um empenho que nos faz lembrar da presença divina em nossas vidas.
A promessa pode ser privada e nesse caso é expressão, repito, de uma íntima relação com Deus, e traduz um propósito que você tem. Esse empenho pode ser produtivo ou não; é o tempo que dará esse juízo. Deve ser algo que lhe escraviza, mas que lhe dá liberdade. Uma promessa que escraviza não é algo bom. De fato, se você faz um sacrifício para a pessoa que ama, trata-se sempre de alguma coisa suave, que faz com prazer.
Há um outro nível de promessa que é pública, como um religioso ou religiosa que faz um voto público, de viver em castidade, por exemplo. Nesse caso, toda a comunidade é envolvida e o empenho é também com ela.
Se você quer se "livrar" de uma promessa entre você e Deus, pode fazer sem escrúpulo, pois certamente não é um modo ideal de lhe aproximar de Deus.
Ao mesmo tempo, aproveite a ocasião para refletir sobre a própria relação com Ele. Como dito, muitas vezes a promessa pode significar a vontade de receber uma recompensa por parte de Deus: faço isso na esperança que Deus me conceda aquilo. Essa atitude demonstra uma visão da relação com Deus como uma relação comercial. Se você é amigo, promete algo simplesmente pelo prazer da amizade, sem esperar que a outra pessoa lhe pague com a mesma moeda. A fé em Deus não deve prever uma retribuição, mas deve ser caracterizada pela gratuidade. Deus não nos salvou com a condição de sermos fieis a ele; Jesus morreu pela nossa salvação independente da nossa resposta.
Em poucas palavras, está bem fazer promessas a Deus com o intuito de sublinhar a amizade, reforçá-la, mas está errado "negociar" com Ele, esperando o seu "presente", a sua recompensa.