A colocação completa do nosso leitor e essa que segue:
A que Paulo se refere em Romanos 14? O que está certo é não comer carne, não beber vinho, nem fazer qualquer outra coisa que leve um irmão a cair em pecado. Mas guarde entre você mesmo e Deus o que você crê a respeito desse assunto. Feliz a pessoa que não é condenada pela consciência quando faz o que acha que deve fazer! Mas quem tem dúvidas a respeito do que come é condenado por Deus quando come, pois aquilo que ele faz não se baseia na fé. E o que não se baseia na fé é pecado.
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A carta de Paulo aos Romanos é uma pérola da Bíblia. Como toda coisa preciosa, precisa ser manejada com cuidado e dela podemos tirar inúmeras lições para nossa vida de cristãos, principalmente fundamentos essenciais para a nossa fé.
Na sua colocação, faz afirmações mais do que perguntas. Convido você a ler com atenção aquilo que ali está escrito e refletir conosco sobre o seu significado.
Romanos 14 fala sobre as pessoas ditas “fracas na fé” e sobretudo sobre o dever de mútua tolerância dos cristãos em termos de coisas secundárias para a fé.
Quem eram os “fracos na fé”?
Segundo a interpretação clássica, os fracos na fé são cristãos cuja fé, por causa do pouco esclarecimento, não lhes permite agir com consciência segura. E Paulo está pensando principalmente em situações particulares inerentes aos cristãos de Roma.
Os cristãos julgados “fracos na fé” são aqueles que por escrúpulo religioso se abstinham de comer carne e de tomar vinho (veja versículos 2 e 21), porque retinham que esses alimentos estavam contaminados (versículos 14 e 20). Essas pessoas eram uma minoria e não influenciavam a caminhada da comunidade e nem a desviavam da verdade do Evangelho. Mas classificando-os como “fracos na fé” sublinha o fato que podem representar um perigo para a comunidade, se influenciarão negativamente os cristãos, que para a salvação têm que confiar em Cristo e não na observância dessas práticas. Se esses cristãos “fracos na fé” se convertem em maioria, Paulo certamente estaria pronto a combatê-los.
Paulo não especifica quais são as razões do escrúpulo desses fieis. É provável que eram cristãos vindos do judaísmo, assíduos observantes das prescrições mosaicas, que, encontrando-se no meio de gente que não acreditava em Deus e comiam e bebiam de tudo, escolheram se abster de toda carne e do vinho para não infringir a Torá, a Lei, não comendo carne que não seguiam os cânones judaicos e vinho que poderia ter sido parte de qualquer ritual pagão. O mesmo escrúpulo é encontrado em Daniel e seus companheiros (Daniel 1,8.12.16). É provável que entre os judeus-cristãos de Roma se encontravam pessoas que ainda seguiam os conselhos do Sínodo de Jerusalém, que havia aconselhado aos primeiros cristãos de respeitar as práticas judaicas. Mesmo Pedro foi ajudado por uma visão para compreender que as prescrições legais ligadas aos alimentos cessaram com a vinda de Cristo.
O dever da tolerância recíproca entre os cristãos
Outro ensinamento importante desse capítulo é a tolerância entre “fortes” e “fracos” na fé. E esse dever se apoia sobre os seguintes princípios:
- A falta de direito do cristão de julgar o seu próximo: o juízo é algo que cabe somente ao Senhor: “Quem és tu que julgas o servo alheio”? (versículo 4).
- O princípio da caridade fraterna, que faz com que o forte não escandalize o fraco, mas busque principalmente a sua edificação (versículos 13-23)
- O exemplo dado por Cristo, de abnegação e caridade, para que os cristãos, vindos de ambiente judeu e pagão, juntos celebrassem unicamente a Deus.