Essas expressões que você menciona são títulos atribuídos a Jesus. Parte do estudo da cristologia é dedicada à análise desses títulos. Os títulos são tantos e alguns dizem que existem cerca de 50. Além dos 4 títulos que você menciona, que veremos abaixo, podemos lembrar ainda outros: Senhor (Kyrios em grego), o profeta, o logos (Verbo, Palavra), o sacerdote, o servo...
Poderíamos começar essa resposta recordando a pergunta que Jesus faz aos discípulos, em Cesaréia de Filipe, aos pés do monte Hermon: "Quem dizeis vós que eu sou"? Jesus faz esta pergunta aos discípulos da primeira hora, e, hoje, pergunta também a nós. Naquele momento, os discípulos ficaram perplexos, e Pedro respondeu: "Vós sois Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16).
Jesus Mestre
Esse título tem a ver com o ensinamento que Ele nos traz. Ao mesmo tempo, recebe esse título porque é a Palavra de Deus, que se comunica a nós através da sua humanidade. Não é um simples professor, mas um alguém que transforma nossas vidas e tem a capacidade de transformar a existência, para fazer uma pessoa capaz de realizar o que sozinha, mesmo com toda a boa vontade, não seria capaz de realizar. Nós somos discípulos e temos que aprender sua mensagem.
Cristo
Esse se tornou o título mais atribuído a Jesus, e na verdade é o resumo de todos os outros. O título significa "Ungido", que em hebraico é Messias (Mashiah) e em grego Cristo. Com o óleo (unção) Israel consagrou seus reis, e tudo o que Deus tinha reservado para ele foi ungido. O termo ungido designa aquele a quem Deus confiou uma missão particular entre o seu povo, e a pessoa confiada por Deus por excelência é o rei de Israel, o ungido de do Senhor. No entanto, com o tempo, e especialmente durante o domínio romano, o termo recebeu uma conotação de libertação política do jugo estrangeiro. Talvez também por este motivo Jesus nunca se atribuiu este título. E mesmo aceitando-o, ele sempre deixa claro, especialmente diante de Caifás (Mc 14,61), Pilatos (Mc 15,2) e Pedro (Mc 8,27), Jesus especifica que seu messianismo é aquele do Servo, e isso implica que ele não estabelecerá um reino terreno, mas sofrerá e morrerá para a libertação de todo o povo.
Na comunidade cristã das origens, o título perdeu toda interpretação de sentido nacionalista e triunfalista. O termo está intimamente ligado ao de Rei, mas esta realeza não diz respeito à esfera temporal: o Reino de Deus feito presente em Cristo não é deste mundo, embora é neste mundo que se desenvolve, encarna-se e se revela.
Filho do homem
É um título que aparece sempre na boca do próprio Jesus. Em outras palavras, ele mesmo diz ser “Filho do Homem” (exceto Atos 7,56).
Para entender esse título, precisamos ir ao Antigo Testamento, onde a expressão é usada por Ezequiel e Daniel. Para Ezequiel este título designa o próprio profeta, um ser humano fraco e efêmero que é enviado por Deus a um povo teimoso. Em Daniel, por outro lado, a figura do filho do homem designa aquele que virá no fim dos tempos sobre as nuvens para julgar a terra. Assim, dentro da reflexão judaica ligada ao conceito do Filho do Homem, permanecerão duas imagens: de humanidade e fraqueza, por um lado, e, por outro, a de uma figura com características celestiais. Também para Jesus, este título designa por um lado a condição carnal da sua vida, precisamente a fraqueza humana, que ele assumiu com a Encarnação. Por outro lado lembra a sua vitória final, a sua vinda no fim dos tempos, quando será feito o julgamento do mundo.
Filho de Deus
Nas religiões do antigo Oriente, reis e pessoas com qualidades extraordinárias eram designados como filhos de Deus. Mas na literatura do Antigo Testamento o termo Filho de Deus tem dois significados fundamentais. Refere-se a todo o povo de Israel e ao rei que o representa. Aqueles que são designados com tal título têm um relacionamento de particular proximidade com Deus, de obediência absoluta.
Jesus é o Filho por excelência. Ele é particularmente próximo do Pai. Jesus, porém, rejeita os aspectos triunfalistas do messianismo tradicionalista. A grandeza e a magnificência de Jesus manifestam-se na fraqueza, no sofrimento e na fidelidade à missão que lhe foi confiada por Deus seu Pai. Jesus rejeita a ideia ligada à expectativa do Messias como um personagem poderoso, assim como o Diabo tenta tentá-lo a seguir esse caminho, no deserto de Judá, imediatamente depois do seu batismo no Jordão. A própria filiação de Jesus se revela definitiva e inequivocamente na cruz.
Também nós somos filhos de Deus, mas a natureza divina de Jesus é diferente. Só Ele está em plena comunhão com o Pai, e por esta razão Ele é o revelador por excelência. Ele é o Filho amado (Efésios 1,6).
Jesus, portanto, não é um dos muitos escolhidos de Deus, já presente no VT, é o Filho, sua relação de filiação com Deus é única e plena: Ele é Deus como o Pai, da mesma natureza de Deus, enquanto nós somos criaturas, nossa natureza é humana, não divina, elevada à vida divina em virtude da redenção do Filho Unigênito de Deus Pai.