Na verdade, o Nardo não é uma planta, mas um perfume, um óleo perfumado de grande valor. Para ter ideia do seu valor, um frasco dele custava cerca de 300 denários (João 12,5), isto é, o salário para 300 dias de trabalho. Por isso, na bíblia esse perfume é símbolo de amor, é expressão de um amor que não tem preço.
Sobre a sua natureza, como dito, não era uma planta, mas uma mistura de essências de plantas colocadas no óleo. Há diversas hipóteses para as plantas usadas e parece que mudava conforme a zona geográfica. Esse perfume algumas vezes incluía lavanda ou a valeriana. À família da “valeriana” pertence uma planta chamada, em termos modernos com o nome Nardostachys jatamansi (imagem ao lado), existente principalmente na zona da China e Himalaia.
Símbolo do amor
Esse valor simbólico aparece primeiro de tudo no Cântico dos Cânticos. O noivo e a noiva do Cântico dos Cânticos dizem que seu amor é como o cheiro do nardo, isto é, precioso, bom, belo, único, dando sentido à vida: "Enquanto o rei está em seu recinto, meu nardo espalha seu cheiro" (Ct 1,12). No final do poema lemos: "As grandes águas não podem extinguir o amor, nem os rios podem subjugá-lo. Se alguém desse todas as riquezas da sua casa em troca de amor, nada mais teria do que desprezo por elas" (Ct 8,7).
Ele aparece também nos Evangelhos, na “unção de Betânia” ou na unção de Jesus feita pela pecadora (veja aqui). Nesses episódios, as mulheres usam um “nardo genuíno”, de tanto valor que provoca a indignação dos apóstolos.
Ao ungir a cabeça ou os pés de Jesus, as mulheres mostram que reconheciam Jesus como o verdadeiro rei, o ungido do Senhor. Ao realizar a unção real, destinada apenas aos reis, elas se comportaram profeticamente, intuindo aquilo que os outros não viram, porque movidos apenas por cálculos econômicos. Na “unção de Betânia”, nas vésperas da Paixão, o frasco de perfume espalhado abundantemente, indica que o próprio Jesus, a caminho da paixão e da morte, está derramando a sua vida por nós. Ele é o vaso aberto que liberta o cheiro da vida. O dele é amor apaixonado e não pode ser calculado em dinheiro. Jesus morrendo não desperdiça sua vida, mas a dá. É por isso que a sua morte não é em vão e o seu amor ultrapassa a morte. A mesma solidariedade para com os pobres, que os que estão presentes na Unção de Betânia pedem, deve ser determinada pelo desejo de amor gratuito, sem medida, ou seja, deve mostrar a gratuidade de Jesus.