A festa da Páscoa não é em origem uma festa cristã, mas tem suas origens no Antigo Testamento e está intimamente ligada com a história do povo hebreu. É a festa mais importante da tradição judaica, quando os judeus celebram a passagem da escravidão do Egito para a liberdade, a passagem do anjo pelas casas. A palavra chave dessa festa judaica é portanto “passagem”, que em hebraico é PESSACH. Os judeus recordam o evento contado nos capítulos 12 e 13 do Êxodo. No dia 14 do mês de Nissan os judeus comemoram a noite quando, no Egito, as famílias dos hebreus se reuniram, sob ordem de Deus, e fizeram uma ceia com um cordeiro (nesse ano de 2020, a festa dos judeus começou na quarta-feira a noite, dia 8, e termina na próxima quinta, dia16). O sangue do cordeiro serviu para fazer um sinal nas portas das casas dos hebreus e assim a família foi preservada da morte dos primogênitos: “quando eu vir o sangue, passarei adiante e não haverá entre vós o flagelo destruidor”.
Quando Jesus morreu, os judeus – e também Jesus – estavam celebrando essa festa. Depois, a tradição ligou as duas festas e os primeiros cristãos seguiram a estrada indicada por Paulo, em 1Coríntios 5,6-8:
O motivo do orgulho que vocês têm não é coisa digna! Vocês não sabem que um pouco de fermento leveda a massa toda? Purifiquem-se do velho fermento, para serem massa nova, já que vocês são sem fermento. De fato, Cristo, nossa páscoa, foi imolado. Portanto, celebremos a festa, não com o velho fermento, nem com fermento de malícia e perversidade, mas com pães sem fermento, isto é, na sinceridade e na verdade.
Jesus é o cordeiro que, derramando o seu sangue, dá-nos a salvação. E essa não é apenas uma libertação temporária, mas para sempre, definitiva.
Portanto, é correto usarmos o termo “páscoa” para o evento da morte e ressurreição de Cristo, pois nele encontramos a realização definitiva daquilo que se realizou como figura no antigo Egito.
Além disso, como aliás acontece com Pentecostes, o fato da origem da festa estar no Antigo Testamento nos lembra que a história da revelação não começa em Cristo, mas no Antigo Testamento e Cristo é o auge dessa revelação, tendo vindo para realizar tudo que fora prometido ao povo dos judeus.