Para começi de conversa, precisamos tomar dois textos de Gênesis 2 e 3.
E Javé Deus ordenou ao homem: «Você pode comer de todas as árvores do jardim. Mas não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque no dia em que dela comer, com certeza você morrerá» (Gênesis 2,16-17).
Provocados pela serpente, a mulher e o homem não resistem e transgredem a proibição divina:
(A mulher) pegou o fruto e o comeu; depois o deu também ao marido que estava com ela, e também ele comeu. Então abriram-se os olhos dos dois, e eles perceberam que estavam nus. (Gênesis 3,6-7).
Esses textos, que contam a dinâmica do primeiro pecado da humanidade, sublinham a presença de uma árvore, cujo fruto era proibido. Em breve síntese, trata-se da árvore do conhecimento do bem e do mal. A definição do bem e o mal pertence a Deus e o ser humano não pode se tornar o senhor dessa posição, ultrapassando os limites da sua natureza. A árvore no centro do paraíso é como um grande outdoor, lembrando do limite do ser humano, que não pode tomar o lugar de Deus. É dentro desse contexto que entra o tema da maçã como fruto proibido.
Maçã, fruto proibido
Na Europa, a partir da Idade Média, a árvore mencionada na Bíblia passa a se identificar com uma macieira e a maçã se torna universalmente conhecida como o ‘fruto proibido”, símbolo da tentação. Uma maçã mordida indica que a se cedeu à tentação, que sucumbimos a ela. Mas por que a maçã? De fato, a Bíblia fala simplesmente de “fruta” e em nenhum momento menciona “maçã”.
Na cultura da Europa Ocidental, especialmente desde a Idade Média, a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal é considerada uma macieira e a maçã é universalmente utilizada como um símbolo de tentação. Uma maçã mordida significa que a tentação foi consumida, que nós sucumbimos a ela. Mas por que uma maçã? A Bíblia falando sobre o fruto da árvore do qual o homem não deveria comer, não especifica de forma alguma que fruto era, como podemos ler no livro de Gênesis:
A tradição que identifica na maçã o fruto da árvore proibida quase certamente vem da tradução da Bíblia para o latim feita por Jerônimo, chamada "Vulgata", do século IV d.C. Na passagem da tentação, falando da árvore do conhecimento do bem e do mal, a Vulgata usa os termos "bonum" e "malum", onde malum significa "mal". A palavra malum também significa "maçã". E assim nasceu a ligação entre a maçã e o mal há uma tradução ambígua do termo malum e esta falsa associação de idéias (malum 'malum' - malum 'maçã') passou para a imaginação coletiva, graças sobretudo às representações artísticas da Idade Média e da Renascença. De fato, especialmente os artistas da Idade Média, tendo que retratar a primeira mulher que agarra o fruto proibido, considerava a maçã (vermelha, redonda e suculenta, mas insidiosa) perfeita para representar o fruto da tentação.