Nesse penúltimo capítulo do Livro do Profeta Ezequiel, encontramos dois temas importantes, o Templo (versículos 1-12) e a Terra Prometida (versículos 13-23). Imagino que seu maior interesse se refira aos primeiros versículos, visto que a segunda parte fala claramente dos limites da Terra de Israel, a Terra Prometida, que coincide com quanto dito em Números 14,1-12.

 

Entendendo Ezequiel

As profecias de Ezequiel são colocadas de 593 até 571, exatamente quando o povo estava no exílio. Ele também foi exilado! As suas palavras, portanto, têm o contexto de destruição da cidade amada, da destruição do Templo e da esperança da volta à própria terra e de uma vida renovada, que faça com que não se repita a tragédia que resultou no exílio em Babilônia.

Ezequiel propõe a Israel, que deve reorganizar a própria vida, uma restauração e aliança espiritual que se traduzem em uma nova organização da comunidade.

 

O futuro Templo - Ezequiel 47

A segunda parte do livro (40-48) coincide com a quarta visão do profeta, “homem de visões”: a visão do templo futuro!

O novo templo faz parte do plano minucioso de reconstrução religiosa e política da nação israelita na Palestina. O profeta é um renovador, um organizador que pretende dar corpo às reformas há muito tempo desejadas. Essa proposta de renovação condicionará tanto a vida nova, depois da retorno da Babilônia, com Esdras e Neemias, bem como a Jerusalém celeste do Apocalipse.

Com esse olhar, podemos ler Ezequiel 47,1-12, que fala especificamente da “fonte do templo”.

Sabemos bem quanta importância tinha o templo para o povo bíblico. Era o sinal da presença divina no seu meio, um lugar que identificava o povo e criava unidade. Em Israel renovado, o Templo é caracterizado pela presença da água, que chega a formar um “rio”, coisa que denota a sua abundância. Essa água dá vida nova a Israel, com árvores, peixes e, em síntese, vida em abundância, até com “brejos e pântanos”.

Jerusalém tem uma única fonte de água, que fica aos pés do templo (Fonte de Gihon, no Vale do Cedron). Para quem vive em contexto tropical, trata-se de pouca água. Alguma água que sobra, sai pelo vale do Cedron, atraversa o deserto de Judá correndo até desembocar no Mar Morto. É uma realidade completamente árida, desértica, que vê uma mínima vegetação verde apenas no tempo de primavera, em março e abril.

A visão de Ezequiel contrasta emblematicamente com essa situação. Esse é um sinal daquilo que pode trazer a para a vida do povo de Israel a renovação proposta pelo profeta.