A pergunta do nosso leitor é mais complexa. Diz assim:

Na página do livro Escavando a verdade: as Incríveis histórias da Bíblia, de Rodrigo Silva, este autor afirma exatamente o contrário. E, ele é um grande arqueólogo brasileiro. Favor, verifique essa questão, e se possível me envie uma resposta.

Não conheço o livro que você menciona, mas vejo que o autor tem uma excelente formação. Apesar da minha distância da sua fonte, podemos obviamente dar uma resposta.

Kathleen, inglesa, vem de uma família do ramo, pois seu pai foi diretor do Museu Britânico. Ela é famosa por ter estudado, como arqueóloga, a cultura do período neolítico a região dita “crescente fértil”, mas sobretudo por ter escavado a região aonde seria a cidade antiga de Jericó, a primeira cidade conquistada pelos hebreus, entrando na terra prometida. Ela escavou aquele local há mais de 50 anos, entre 1952 e 1958. Ficou famoso também o seu método de escavação, pois não tirava toda a terra do sítio, como muitos costumam fazer, mas fez trincheiras na colina e estudou os estratos do terreno. Ela faleceu em 1978.

Até quando a inglesa escavou o local, a convicção era de que as construções que ali existiram teriam sido destruídas no final da Idade do Bronze (1500 a 1200 antes de Cristo). Ao invés, a senhora Kenyon, baseando-se nos seus achados, disse que a cidade não fora destruída nesse período, mas cerca de 2 mil anos antes.

A empresa dessa arqueóloga é muito controversa: admirada por uns, mas criticada por outros. O método que usou era muito lento e pode escavar apenas pequenas áreas. Alguns sublinham o fato de ela não ter nunca escavado nem mesmo uma única casa completa em Jericó. Seu foco em milhares de camadas de solo e centenas de milhares de pequenos cisternas muitas vezes a impedia de ver o grande quadro. Ela também não conseguiu produzir as publicações finais de suas escavações antes de sua morte em 1978. Apesar disso, o seu método é usado por alguns até hoje e é vista como a grande senhora da arqueologia na Palestina.

 

A data da conquista da Terra Prometida

Entrando no mérito da sua questão, os arqueólogos normalmente não escavam para provar nada da Bíblia, mas para encontrar a verdade sobre um sítio. Os arqueólogos que se deixam influenciar por convicções religiosas normalmente partem de um princípio errado. Acho que em Israel hoje, especialmente no que se vê na zona do templo de Jerusalém, muitos arqueólogos estão correndo esse risco.

Ninguém sabe bem quando os judeus chegaram na Terra Prometida. Não há um registro histórico preciso que ateste esse evento. Normalmente a data mais comum entre os exegetas é aquela de 1.200 antes de Cristo, mas essa certeza não existe. Portanto, sem essa convicção, é difícil dizer se a data proposta pela arqueóloga confirma ou não a história contada pela Bíblia.