Falar de Maria, a mãe de Jesus, se tornou, infelizmente, um problema. Confissões cristãs têm posições contrapostas e encontram nesse tema elementos que sublinham as diferenças teológicas. Por isso, eu mesmo tenho algum receio de acirrar os ânimos e não sei até que ponto é “produtivo” tratar argumentos inerentes à mariologia em um ambiente tão eclético como esse aqui do site. De qualquer forma, é um tema presente na vida quotidiana do cristão e os membros das diferentes confissões constantemente se confrontam sobre isso. Às vezes se mistura o tema das “imagens” com o tema da mariologia e isso causa ainda mais prejuízo. Acredito que as advertências do mundo protestante possam ajudar aos católicos - para enfatizar dois grupos contrastantes – a aprimorar a própria compreensão teológica do papel de Maria e, por outro lado, o carinho católico em relação à mãe de Jesus pode suscitar nos protestantes uma maior sintonia com o evento da encarnação de Cristo.
O tema de Maria como intercessora é muito debatido em ambiente católico. Obviamente disso não se fala em contextos evangélicos, visto a completa rejeição do culto a Maria em suas práticas de fé. Há católicos que querem que Maria como intercessora seja um 5 dogma de fé, como os outros 4 inerentes à Maria: Mãe de Deus, virgem, sem pecado (imaculada conceição), assunta no céu. É um debate teológico que nasce a partir do texto bíblico que narra as bodas de Caná, quando a mãe pede ao filho que ajude os noivos em dificuldades (João 2). Os cristãos que defendem a criação desse dogma dizem que Maria é alguém que acolheu Deus no seu íntimo, que foi a sua mãe e, como se deduz da relação particular entre mãe e filho, ela tem uma relação privilegiada com ele, que é Deus. Trata-se de uma visão antropomórfica: quantas vezes, nós que somos mais “velhos”, quando queríamos pedir algo a nossos pais, passávamos através da mãe, não só por medo, mas por um sinal de respeito e de aproximação com a mãe.
Não temos respostas para todas as lógicas divinas; não podemos impor nossas ideias e nem pensar que sabemos tudo. Deus é um mistério, que se revela em continuação. Sabemos bem do papel privilegiado que Maria teve na encarnação de Cristo. Essa é uma realidade que ninguém pode negar, tanto protestantes quanto católicos. Partiria dessa realidade e daria menos importância, quando estamos juntos, a temas que nos podem dividir.