Não sei responder bem a sua pergunta. Todavia certamente existe um preconceito incito em sua questão, pois mesmo se o anel fosse um sinal para duas pessoas do mesmo sexo, não tiraria em nada o significado desse sinal e nem diminuiria a dignidade dessas pessoas. Posso simplesmente fazer uma retrospectiva bíblica, que lhe ajudará a tirar suas conclusões sobre o sentito do anel na união entre as pessoas.

 

O anel na Bíblia

Na Bíblia há 3 tipos de anéis:

  1. anel-pingente (gr. hènōdrion) que é colocado nas orelhas ou no nariz (cf. Is 3,21). O servo de Abraão, em busca de uma noiva para Isaac, quando encontra Rebecca, coloca um anel-pingente "meio-shekel" (cerca de 6 gramas de ouro) em seu nariz (Gn 24,22.47);
  2. anel para o nariz (gr.: ànkistron) que é colocado nas narinas dos animais, mas também no nariz dos prisioneiros de guerra como símbolo de submissão e escravidão (2 Reis 19,28; Is 37,29; cf. Am 4,2; Ez 19,4. 9);
  3. anel de dedo (daktýlios), um objeto precioso que distingue a pessoa que o usa, como lemos na Carta de Tiago: "Suponhamos que alguém entre em uma de suas reuniões com um anel de ouro no dedo, luxuosamente vestido, e que um pobre homem também entre com uma peça de roupa de linha..." (Tg 2,2).

O anel no dedo é um sinal de distinção social, um símbolo de autoridade e reputação de alto nível, um sigilo de poder. Em Gênesis, mesmo antes de lhe dar o veste do poder, o Faraó disse a José: 'Eis que eu te ponho à frente de toda a terra do Egito'. O faraó tirou o anel da mão e o colocou na mão de José" (Gênesis 41,41-42). Usar o anel do Faraó significa representá-lo em todo o seu reino: "Eu o coloco no comando de toda a terra do Egito". Colocar o anel na mão de José é conferir-lhe a autoridade do Faraó que assim estende sua pessoa naquele que usa seu anel. Os dois se tornam a mesma coisa: toda decisão que José tomará e selará, com o anel que recebeu, é a decisão do próprio Faraó.

Tamar, que está na linhagem de Jesus, que fingiu ser uma prostituta para exercer seu direito de mãe, ao sogro Judá, que a engravidou, pede como penhor de seu encontro "o anel (daktýlion), o cordão e o bastão" (Gn 38,18.25).

Outro gesto é o anel do pai, dado ao filho, como na parábola do filho pródigo. O pai que coloca o anel no dedo de seu filho não só reconhece sua dignidade como filho, mas também o confia novamente à administração da casa, como seu fiduciário. Ao colocar o anel em seu dedo, o pai de fato e na lei reintegra o filho também na herança, o que significa que este filho, com a morte do pai, pode herdar novamente.

O anel no dedo também tem uma implicação pública: todos devem ver que é o pai que restabelece o filho, porque a partir de agora todos devem reconhecer que o filho que fugiu sem dignidade, com aquele anel representa o pai, e todos devem pagar-lhe o respeito que o pai merece e exige. Esta investidura em dignidade e herança é completada com a entrega das "sandálias".