Mateus 4,1-11 fala de 3 lugares para os quais Jesus "foi levado", pelo Espírito e pelo diabo:
- foi levado pelo Espírito ao deserto
- o diabo o levou à Cidade Santa e o colocou sobre o pináculo do Temmplo
- Tornou o diabo a levá-lo agora para um monte muito alto
Para Marcos (1,12-13) houve apenas o deserto como lugar de tentação.
Lucas 4,1-13, mais ou menos, repete quanto dito em Mateus
- Voltou do Jordão e era conduzido pelo Espirito através do deserto
- o diabo, levando-o para mais alto...
- Conduziu depois a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do Templo
Dessa síntese, vemos que uma das três tentações tem o lugar indicado por Mateus e Lucas: o pináculo do Templo, que ficava em Jerusalém. O pináculo era o local mais alto do templo, um ponto do muro da esplanada que se encontra acima do vale de Josafá, uma torrente que fica entre o Templo e o Getsêmani. Sobre os outros dois lugares, o deserto e o monte alto, não temos nenhuma indicação exata nos evangelhos. Quando é assim, não existe possibilidade de fundamentar qualquer argumentação, exceto apoiar-se na tradição milenar cristã.
A respeito do deserto, Lucas fala que depois do batismo no Jordão foi para o deserto. A partir daí se presume que o deserto mencionado seja aquele em volta de Jericó, o deserto de Judá. É uma área grande e não tem um ponto exato que a tradição criou como lugar que relembra essa tentação.
Mas sempre no contexto do deserto de Judá está o famoso "Monte das Tentações", que fica na periferia de Jericó, na montanha que se ergue atrás dessa cidade. Sobre esse alto monte, há muitos séculos foram construídas igrejas e várias comundiades religiosas ali residiram. A igreja, sobre o monte, não existe mais, mas ainda existe uma comunidade de monges ortodoxos. É esse o local aonde a tradição diz ter sido Jesus levado pelo diabo.
É importante lembrar que os Evangelhos não são biografias ou informações jornalísticas, mas querem transmitir uma catequese, a boa nova anunciada por Cristo. As informações que ali existem são passadas por acaso, pois o objetivo dos evangelistas não é de fazer uma síntese de informações históricas sobre Cristo. Por isso existem muitas lacunas informativas que não conseguiremos nunca preencher. E as tradições transmitidas há séculos podem ser um ponto de apoio para a nossa fé que necessida de realidades que se podem tocar, mas não representam, em muitos casos, certezas do ponto de vista histórico.